O tesoureiro
do Partido dos Trabalhadores (PT), João Vaccari Neto, preso na 12ª fase da
Operação Lava Jato nesta quarta-feira (15), em São Paulo, chegou à
Superintendência da Polícia Federal em Curitiba às 12h50. Depois, o petista foi ao Instituto
Médico-Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito.
O pedido de
prisão foi feito após a descoberta de novos fatos na investigação dos desvios
na Petrobras. Segundo o juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na
primeira instância, Vaccari determinou que parte das propinas pagas por
empreiteiras fosse destinada a uma gráfica sediada em São Paulo. O valor pode
chegar a R$ 2,5 milhões.
Vaccari já é
réu em ação oriunda da operação da PF, mas respondia em liberdade. Ele é
acusado de envolvimento no esquema, possivelmente, desde 2004. O petista
assumiu o posto de tesoureiro do partido em 2010.
“Em relação
à Petrobras, Vaccari tem papel semelhante ao de [Alberto] Youssef, ou seja, um
operador”, disse o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Carlos
Fernando dos Santos Lima.
Na semana
passada, o tesoureiro do PT foi ouvido na CPI da Petrobras no Congresso e negou
a participação dele e de familiares no esquema. O partido ainda não se
pronunciou sobre a prisão, mas convocou uma reunião de emergência.
Pedido de
prisão
Em sua
decisão, o juiz Sérgio Moro escreveu que os recursos criminosos obtidos no
esquema da Petrobras "teriam sido utilizados não só para a realização de
doações registradas ao Partido dos Trabalhadores, mas também para a realização
de pagamentos por serviços, total ou em parte, simulados pela referida Editora
Gráfica Atitude, isso por indicação de João Vaccari Neto".
O juiz
afirmou que, pelos relatos de delatores, Vaccari participou
"intensamente" do esquema na Petrobras, como operador do PT no
recebimento da propina.
Como o
mandado contra o tesoureiro é de prisão preventiva, não há prazo para expirar.
Outros
envolvidos
Além da prisão
de Vaccari, foi expedido um mandado de condução coercitiva para a esposa de
Vaccari, Giselda Rousie de Lima. Ela foi ouvida em casa. Para a polícia, a fala
dela não acrescentou nada à investigação. "O depoimento não foi
proveitoso", segundo a PF.
Há ainda um
mandado de prisão temporária contra a cunhada de Vaccari, Marice Correa de
Lima. Mas ela não foi localizada. Além disso, há um mandado de busca e
apreensão.
A Polícia
Federal disse ainda que a família de Vaccari tem diversas operações financeiras
suspeitas de valores significativos. Foram, conforme a polícia, realizados
depósitos no total de R$ 300 mil em três anos.
A quebra do
sigilo bancário do tesoureiro do PT já foi solicitada à Justiça. “Não há
indicativo de crime, apenas suspeita de que estes valores tenham origem
ilícita”, afirmou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima.
Além disso,
operações de compra e venda de um apartamento por parte da cunhada do
tesoureiro são investigadas. Segundo a polícia, Marice de Lima adquiriu um
apartamento por R$ 200 mil e o vendeu para a empresa OAS por R$ 400 mil. Este
mesmo imóvel, conforme as investigações, foi vendido pela empreiteira por um
valor menor. “Aparentemente, é uma operação típica de lavagem de dinheiro”,
pontuou o procurador.
Provas e
denúncias
"Está
claro o total desrespeito de Vaccari Neto com relação à Justiça e às leis
brasileiras", disse o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula.
O delegado
acrescentou que existe material contundente para provar as irregularidades do
tesoureiro.
Além disso,
segundo o delegado, Vaccari foi citado por pelo menos cinco suspeitos que
firmaram acordo de delação premiada para repassar informações sobre o esquema
existente na Petrobras.
Vaccari foi
denunciado pelo Ministério Público Federal por ser suspeito de participar de
reuniões com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque para tratar de
pagamentos de propina, que era paga por meio de doações oficiais de
empreiteiras ao PT.
O ex-gerente
da estatal Pedro Barusco, que também é investigado pela Justiça, afirmou que
Vaccari recebeu cerca de R$ 200 milhões em nome do partido.
Os valores
chegavam como doação lícita, mas eram oriundos de propina. O MPF afirma que
foram 24 doações em 18 meses, no valor de R$ 4,260 milhões. Contudo, tanto a
Polícia Federal quanto o MPF dizem não ser possível afirmar quanto foi de fato
foi doado e quanto foi arrecadado de forma ilícita.
A Lava Jato
A Operação
Lava Jato foi deflagrada pela PF em março e 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de
divisas. A última fase da operação foi deflagrada na última sexta-feira (10) e
prendeu sete pessoas. Entre elas três ex-deputados federais: André Vargas, Luiz
Argôlo (SDD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE).
Na
terça-feira (14), A Justiça Federal determinou que parte dos presos da 11ª fase
fosse solta. Os suspeitos estavam detidos em regime temporário.
São eles:
Ivan Vernon Gomes Torres Júnior, ex-funcionário do ex-deputado Pedro Corrêa
(PP-PE), Elia Santos da Hora, secretária do ex-deputado federal Luiz Argôlo, e
Leon Vargas, irmão do ex-deputado federal André Vargas.
Outro preso,
que estava em regime temporário, o publicitário Ricardo Hoffmann teve a prisão
convertida em preventiva, a pedido do MPF.
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