Tremor foi
de magnitude 6,7, inferior ao que atingiu região no sábado.
Terremoto no
sábado deixou pelo menos 2.500 mortos.
Potentes
tremores secundários atingiram o Nepal neste domingo (26) após o devastador
terremoto de magnitude 7,8 registrado no sábado (25), provocando o pânico dos
sobreviventes de uma tragédia que deixou mais de 2.500 mortos, enquanto vários
países anunciaram o envio de ajuda econômica e equipes de resgate.
Os tremores
secundários, um deles de magnitude 6,7, ocorreram na noite de sábado e na manhã
deste domingo, obrigando as pessoas na capital nepalesa a passar a noite ao
relento ou em tendas de campanha.
"Não
conseguimos dormir durante toda a noite. Como poderíamos ter dormido? O chão
não parava de tremer. Só nos resta rezar para que isso termine e possamos
voltar para as nossas casas", disse Nina Shrestha, uma jovem que trabalha
no setor das finanças.
As réplicas
também provocaram novas avalanches no acampamento base do Everest, segundo
montanhistas presentes, logo depois que helicópteros de salvamento evacuaram os
feridos da avalanche de sábado, que matou ao menos 18 pessoas.
O porta-voz
do Departamento de Turismo, Tulsi Gautam, informou que há 61 feridos no local.
"Não sabemos suas nacionalidades, mas a maioria deles seriam
estrangeiros", disse à AFP Ang Tshering Sherpa, presidente da associação
nepalesa de montanhismo.
O Centro
nacional de Operações de emergência, baseado em Katmandu, forneceu um novo
balanço de 2.430 vítimas fatais, e em torno de 6.000 feridos, no pior terremoto
a atingir no Nepal em 80 anos.
Na Índia, as
autoridades estimam em 67 o total de falecidos, contra um balanço anterior de
53. A televisão estatal chinesa afirmou, por sua vez, que 18 pessoas morreram
na região do Tibete.
Sábado
No sábado
(25), um forte terremoto de magnitude 7,8 estremeceu o Nepal. O terremoto foi o
pior a atingir o país em 80 anos. A força do terremoto foi sentida também em
Bangladesh, Índia, China, Paquistão e no Monte Everest, onde uma avalanche foi
provocada pelo abalo.
O tremor
ocorreu às 3h11 (de Brasília), a 77 km ao noroeste de Katmandu e a 15 km de
profundidade. Outras quatro réplicas menores atingiram o país logo após o
terremoto mais potente.
"Há
relatos de danos generalizados. A devastação não está confinada a algumas áreas
do Nepal. Quase todo o país foi atingido", disse Krishna Prasad Dhakal,
vice-chefe da missão na embaixada do Nepal, em Nova Déli.
Testemunhas
disseram às agências de notícias que o terremoto durou entre 30 segundos e dois
minutos. Milhares de pessoas deixaram seus lares e estão nas ruas da capital,
Katmandu, com receio de que casas e prédios desmoronem.
As equipes
de resgate continuavam as buscas por sobreviventes no domingo, uma tarefa
complicada pelos fortes tremores secundários e pelo difícil acesso às zonas
afetadas.
Ajuda
As
comunicações, a eletricidade e a água corrente foram cortados, informou a ONG
Oxfam, que "se prepara para fornecer água potável e artigos de primeira
necessidade", segundo a sua diretora no Nepal, Cecilia Keizer.
Os hospitais
do país de 28 milhões de habitantes tentam dar conta dos feridos, enquanto a
busca por sobreviventes é complicada devido à falta de equipamentos para
escavar. As imagens mostram cidadãos tentando retirar escombros com as próprias
mãos.
No hospital
Bir, o mais antigo de Katmandu, familiares das vítimas tentavam espantar as
moscas dos corpos, que se amontoavam no chão diante da falta de espaço nos
necrotérios.
Muitos
médicos atendiam os feridos, a maioria com fraturas múltiplas e traumatismos,
em tendas de campanha anexas devido à grande quantidade de feridos, mas também
porque muitas pessoas tinham medo de entrar no edifício, explicou Samir
Acharya, médico do Hospital neurológico Annapurna.
Destruição
A cidade de
Katmandu foi a que mais sofreu. Há registros de danos em edificios e casas,
especialmente nas construções mais antigas, e também em templos e monumentos.
Erguida em
1832 na capital do Nepal, a torre histórica de Dharara, uma das atrações
turísticas da capital do país, não resistiu ao tremor e foi totalmente
destruída. Cerca de 17 corpos foram retirados das ruínas, segundo um fotógrafo
da agência France Press (AFP).
É a segunda
vez que a torre vai ao chão por causa de um terremoto – a primeira foi em 1934,
quando um abalo de magnitude 8,1 provocou a morte de 10.700 pessoas no leste do
país e na província indiana de Bihar.
Brasileiros
Às 16h30, o
Itamaraty informou que, até o momento, não há brasileiros entre as vítimas e
que todos aqueles que foram localizados pela embaixada no Nepal estão bem. As
famílias podem entrar em contato pelo telefone: (61) 8197-2284.
Segundo o
Itamaraty, a comunicação com as autoridades no Nepal está muito ruim. Uma
equipe de funcionários da embaixada está fazendo uma busca nos hotéis e nas
comunidades brasileiras para saber se precisam de ajuda.
O
montanhista cearense que está no Monte Everest, Rosier Alexandre, ligou para a
família por volta das 7h30 da manhã deste sábado, após o terremoto. O
montanhista conversou com a mulher e disse que está bem.
"Ele
falou muito rapidamente, disse que está bem, mas não sabe como está a via de
escalada", disse Danúbia Saraiva, mulher de Alexandre. O cearense está no
campo 2 do monte, a 5.364 metros de altitude.
Everest
O forte
terremoto desencadeou uma avalanche no Monte Everest. Segundo uma autoridade do
Ministério do Turismo local, são ao menos 17 mortos e 61 feridos. "O
número de vítimas pode subir e incluir estrangeiros", disse à agência
Reuters.
Seis
helicópteros evacuaram os feridos que estavam no acampamento base, situado a
5.000 metros de altura. Após a avalanche, a temporada de escalada foi
cancelada.
O alpinista
romeno Alex Gavan disse no Twitter que havia muitas pessoas na montanha na hora
da avalanche. Entre elas, o engenheiro do Google Dan Fridenburg, que sofreu um
ferimento na cabeça e não resistiu.
Abril é um
dos meses mais populares para escalar o Everest, antes de a chuva e as nuvens
encobrirem a montanha do Himalaia no final do mês que vem.
O tremor
também sacudiu algumas regiões da Índia, principalmente o norte do país, desde
Calcutá, Nova Déli, até a fronteira com o Paquistão. Ao menos seis pessoas
morreram na Índia, cinco delas no estado de Bihar (noroeste), informaram
autoridades.
Mobilização
internacional
A
mobilização internacional para ajudar as vítimas do terremoto no Nepal se
organiza rapidamente, embora as agências humanitárias ainda não tenham
conseguido calcular exatamente as necessidades no local.
"Tratamos
de avaliar a amplitude da catástrofe", disse à AFP um integrante da ONG
Médicos do Mundo, que tem uma equipe no Nepal, mas que enfrenta dificuldades de
acesso à área afetada, já que a maioria das telecomunicações foram
interrompidas na região.
Voluntários
e funcionários da Cruz Vermelha no Nepal ajudam a buscar eventuais
sobreviventes e a atender os feridos, disse a organização em comunicado.
Os Estados
Unidos anunciaram o envio de uma equipe de resgate e o desbloqueio de uma
primeira parcela de US$ 1 milhão para ajudar as vítimas, anunciou a agência
americana de ajuda USAID.
Reino Unido,
Israel, Rússia e membros da Comunidade Europeia já afirmaram que pretendem enviar
equipes de especialistas em reação a catástrofes humanitárias. A chanceler
alemã Angela Merkel, que se disse "comovida pela magnitude da catástrofe e
pelo grande número de vítimas", também enviou suas condolências ao
primeiro-ministro do Nepal, Sushil Koirala.
Berlim,
Londres, Paris e Madri também prometeram ajudas, enquanto a Noruega anunciou o
desbloqueio de 3,5 milhões de euros e 62 equipes de resgate chinesas chegaram à
região com cães treinados.
A presidente
Dilma Rousseff divulgou nota oficial para prestar "solidariedade" às
famílias das vítimas do terremoto. No comunicado, distribuído pelo Palácio do
Planalto, Dilma diz que a embaixada está tomando "todas as providências em
apoio aos cidadãos brasileiros" que estão na região da tragédia.
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