Pesquisa
divulgada pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira (15) revela que o índice
de brasileiros acima do peso segue em crescimento no país - mais da metade de
população está nesta categoria (52,5%) e destes, 17,9% são obesos, fatia que se
manteve estável nos últimos anos.
Em 2013, o
levantamento apontou que 50,8% dos brasileiros estavam acima do peso e que,
destes, 17,5% eram obesos. Já em 2006, o total de pessoas acima do peso era de
42,6% e de obesos era de 11,8%.
Os números
são da pesquisa Vigitel 2014 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), que coletou informações nas 26
capitais brasileiras e no Distrito Federal. Foram realizadas 41 mil entrevistas
para o levantamento.
Os dados são
divulgados anualmente pelo ministério desde 2006 e revela um diagnóstico da
saúde do brasileiro a partir de questionamentos sobre os hábitos da população,
como tabagismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, alimentação e atividade
física.
Homens estão
mais gordos
Os números
mostram que o excesso de peso é maior entre os homens - 56,5% contra 49,1% das
mulheres. Já a taxa de obesidade não é muito diferente entre os dois gêneros -
17,9% entre o sexo masculino e 18,2% entre o sexo feminino.
Os maiores
índices de excesso de peso foram encontrados em pessoas com idade entre 45 e 64
anos - 61% estão acima do peso.
Os jovens
com idade entre 18 a 24 anos registram 38%. A proporção de pessoas com mais de
18 anos com obesidade, no entanto, é um dado preocupante apontado pela pesquisa
- chega a 17,9%, embora tenha se mantido estável nos últimos anos.
Para a
diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis
e Promoção da Saúde, Déborah Malta, chama a atenção dos pesquisadores o fato do
índice de obesidade dobrar com a idade.
"Nas
faixas etárias entre 18 e 24 anos o índice [de excesso de peso] praticamente
dobra aos 35 e 44 anos. Em relação à obesidade, a taxa triplica na comparação
entre as duas populações: sai de 8,5% [de 18 a 24 anos] para 22% [35 a 44
anos]", explica a especialista.
São Luís é a
capital com menor índice de adultos com excesso de peso (46%) e Manaus, o maior
(56%). Já os adultos com menor índice de obesidade estão concentrados em
Florianópolis (14%), enquanto Campo Grande lidera, com 22%.
Brasil é o
terceiro 'mais obeso' dos Brics
Em
comparação com os países integrantes do Brics - países emergentes considerados subdesenvolvidos,
o Brasil fica em terceiro lugar no ranking de obesidade - atrás da África do
Sul (65,4%) e Rússia (59,8%). China tem um índice de 25% da população acima do
peso e a Índia, 11%.
Comparado a
outros países da América do Sul, a taxa de obesidade no Brasil se mostra a
menor: Chile tem índice de 25,1%, Paraguai 22,8%, Argentina 20,5% e Uruguai,
19,9%.
"De
fato, a gente vai observando que o Brasil, e isso já é reconhecido
internacionalmente, vem conseguindo obter um resultado que outros países não
vêm conseguindo, porque a tendência de crescimento é avassalador nesses outros
países, nessas outras realidades", diz o ministro Arthur Chioro.
Mais
atividades físicas
Segundo a
pesquisa, nos últimos seis anos houve um aumento de 18% de pessoas que praticam
atividades físicas. Na pesquisa mais recente, 35,3% afirmaram dedicar pelo
menos 150 minutos por semana a exercícios - em 2009, era 29,9%. O hábito de ver
televisão por mais de três horas, em contrapartida, caiu de 31% para 25,4%.
Para Arthur
Chioro, o aumento da prática de atividade física e a adoção de uma alimentação
com menos gordura contribuíram para a estabilização dos índices de obesidade.
"[Se
não fosse] o impacto significativo de uma alimentação mais saudável, com
aumento da ingestão das hortaliças, frutas, diminuição do refrigerante, da
carne vermelha, com esse impacto da atividade física, nós provavelmente
teríamos uma carga de obesidade e sobrepeso muito significativa, seguindo a tendência
mundial. Temos muito o que comemorar".
O estudo
apontou ainda que pessoas com menor grau de escolaridade, que varia de zero a
oito anos de estudo, registraram o maior índice de excesso de peso (58,9%).
Daqueles que que estudaram 12 anos ou mais, 45% estão acima do peso.
O padrão é o
mesmo com o registro de obesos - entre os que estudaram até 8 anos, o índice é
de 22,7%. Entre os que estudaram 12 anos ou mais, a taxa é de 12,3%.
De acordo
com o ministério, o excesso de peso é fator de risco para doenças crônicas do
coração, hipertensão, diabetes, responsáveis por 78% dos óbitos no Brasil.
Do total de
entrevistados, 20% afirmaram ter diagnóstico médico de colesterol alto - entre
as mulheres, o índice é de 22%, contra 17,6% dos homens. A doença se torna mais
comum com a idade e entre pessoas de menor escolaridade.
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