Padrão
financeiro, porte de armas pesadas seriam algumas das evidências.
Milton
Severiano Vieira é conhecido em Nova Iguaçu como 'Miltinho da Van'.
A prisão de
Milton Severiano Vieira, de 32 anos, pelo assassinato da dançarina de funk
Cícera Alves de Sena, 29 anos, conhecida pelo nome artístico Amanda Bueno,
deverá levar a polícia a investigar a atuação de grupos criminosos em Nova
Iguaçu, na Baixada Fluminense. De acordo com o delegado Fábio Cardoso, da
Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), há indícios de que ele
esteja envolvido com a formação de milícia na região.
Popularmente
conhecido na cidade como Miltinho da Van, ele foi preso horas depois do brutal
assassinado da ex-integrante do grupo Jaula das Popozudas. Imagens gravadas
pelas câmeras de vigilância da casa onde vivia o casal registraram o crime.
Milton aparece agredindo severamente a noiva antes de atirar contra ela.
Segundo a polícia, ele primeiro atirou, a queima roupa, com uma pistola e
depois usou uma escopeta para atirar outras vezes. No momento da prisão, ele
portava ao menos cinco armas de fogo.
“Diante do
que a gente viu nesse crime, verificando o poderio financeiro dele, com
veículos muito caros, a posse de um verdadeiro arsenal, com armas de grosso
calibre e farta munição, somado ao fato dele estar envolvido com exploração do
transporte clandestino na cidade e considerando essa violência desmedida com
uma pessoa com quem ele vivia, tudo indica que ele pode ter envolvimento com
grupos criminosos que atuam naquela região”, disse o delegado Fábio Cardoso.
Segundo
Cardoso, após a conclusão do inquérito sobre o assassinato da dançarina, ele
irá remeter os autos para a Justiça e para alguma delegacia que tenha
atribuição para investigar o envolvimento dele em outros crimes.
Milton
deverá ser transferido neste sábado (18) para o Complexo Penitenciário de
Gericinó. A Justiça decretou nesta sexta-feira (17) a prisão preventiva dele,
que foi autuado em flagrante pelos crimes de roubo majorado com emprego de arma
de fogo, porte ilegal de arma e homicídio triplamento qualificado – agravado
por motivo fútil e ausência de chance da vítima, além de feminicídio.
A decisão
foi tomada pelo juiz Alexandre Guimarães Gavião, da 4ª Vara Criminal de Nova
Iguaçu. O magistrado destacou o apelo público gerado pelo crime.
“É certo que
o estado de comoção social e de eventual indignação popular, motivado pela
repercussão da prática penal, não deve justificar, por si só, a decretação da
prisão cautelar do suposto autor do comportamento delituoso. No entanto, a
medida cautelar em questão se justifica para a tutela, inclusive, do bom
andamento da persecução penal e da eficácia de seu resultado", afirmou o
juiz.
'Surto', diz
defesa
Conhecido
como Miltinho da Van, ele admitiu o assassinato, segundo afirmou o advogado
Hugo Assumpção. O defensor destacou que ele alegou ter sofrido um
"surto" e que está arrependido do crime. Em depoimento, no entanto,
ele se reservou o direito de ficar calado, conforme esclareceu o delegado Fábio
Raboso, responsável pelas investigações.
Até 67 anos
de prisão
Segundo
Cardoso, a tipificação foi baseada no novo crime de feminicídio. A lei para
assassinatos de mulheres por razão de gênero foi sancionada em março pela
presidente Dilma Rousseff e funciona com agravante do crime de homicídio, além
de ser classificado como hediondo. Se condenado por todos os crimes, a pena
somada pode chegar a 67 anos de prisão.
O delegado
informou que será investigada ainda uma suposta ligação de Milton com milícias
e outros homicídios.
"Uma
pessoa que controla tantas linhas de vans, tem tantas armas sem registro em
casa e um esquema de segurança tão grande envolvendo a sua casa será
investigado para sabermos se está relacionado com outros crimes", afirma o
delegado Fábio Cardoso.
A polícia
vai apurar registros de crimes, principalmente na região da Posse, em Nova
Iguaçu. "Vamos verificar os homicídios que aconteceram naquela área e,
caso tenham sido cometidos com o mesmo tipo de arma, vamos pedir confronto
balístico."
Histórico de
ciúme e agressão
Milton tem
duas passagens anteriores pela polícia por agressões a mulheres. "Ele já
tem um histórico de violência doméstica", explicou o delegado.
Amigas da
funkeira, que não quiseram ser identificadas, contaram ao G1 que ela parou de
dançar a pedido do noivo. Amanda, de 29 anos, é ex-integrante da Jaula das
Gostozudas e da Gaiola das Popozudas.
Segundo o
delegado, o crime pode ter sido motivado por ciúmes. Miltinho teria almoçado
com uma ex-namorada que, no dia do crime, ligou para Amanda para provocar. A
ligação teria gerado uma briga e Miltinho saiu de casa. Mais tarde, ele teria
voltado cambaleando.
O advogado
acredita que um dos motivos do ciúme seriam vídeos recebidos por Milton.
Assumpção não quis comentar o teor das imagens para "presevar" Amanda.
Crime
registrado por câmeras
Um vídeo
postado na página do Radar Costa Verde mostra o momento do assassinato, em
registros feitos por câmeras de segurança (veja ao lado, nas imagens editadas
por conter cenas fortes).
A polícia
confirmou que a dinâmica do crime é a mesma que parece no vídeo. Após
discussão, Milton pega a vítima pelo pescoço, bate com a cabeça dela 11 vezes
em uma pedra do jardim e dá 10 coronhadas na cabeça dela. Em seguida, entra em
casa, veste o colete à prova de balas e se arma com um revólver, três pistolas
e uma espingarda calibre 12. Ao passar pelo corpo, dá tiros com a pistola e com
a espingarda no rosto da vítima.
Após a
morte, Miltinho sai, rende dois homens e rouba um carro, mas é preso logo
depois do crime, ao capotar durante fuga da polícia. Quatro armas, incluindo
uma espingarda semelhante à que aparece no vídeo, foram encontradas no veículo.
Segundo a
polícia, ele não tinha porte para nenhuma das armas encontradas. O advogado
falou que tinha autorização por ser colecionador.
Noivos há 4
dias
Amanda
Bueno, que na verdade se chama Cícera Alves de Sena, ficou noiva de Miltinho da
Van, de 32 anos, quatro dias antes do crime. O assassinato ocorreu na casa do
casal, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no fim da tarde desta quinta-feira.
De acordo
com o delegado, o suspeito, que teria roubado um carro logo após assassinar a
mulher, foi localizado por agentes da unidade e, ao tentar escapar, perdeu o
controle da direção do veículo e capotou.
Ele foi
encaminhado, sob escolta policial, ao Hospital da Posse, e liberado com
ferimentos leves. O preso será transferido neste sábado (17) para o Complexo
Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio.
Família
'abaladíssima'
O corpo de
Amanda foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML). De acordo com uma amiga,
que não quis se identificar, a dançarina, que na verdade se chama Cícera Alves
Sena e nasceu em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, tinha uma filha
de 11 anos, que mora com a avó. A familía, segundo ela, está 'abaladíssima'.
"Mesmo
morando no Rio, ela era uma mãe muito presente e falava sempre com a filha pelo
telefone. Elas tinham muito carinho uma pela outra", disse a amiga.
Os parentes
ainda sabem pouco sobre o caso. Uma irmã de Amanda já viajou para o Rio para
poder liberar o corpo, que será enterrado em Goiânia.
Valesca
Popuzuda lamenta
A cantora
Valesca Popozuda lamentou a morte de Amanda Bueno em uma mensagem em sua rede
social na internet. Elas trabalharam juntas durante um período no grupo Gaiola
das Popozudas. Na mensagem, Valesca relembrou relembrou o convívio nos shows e
nas viagens com Amanda Bueno. Confira na íntegra:
"Meus
pêsames a toda Família da #AmandaBueno. Uma moça que teve seus sonhos
interrompidos deixando amigos e família órfãs de seu sorriso e sua presença,
Amanda assim como muitas mulheres no mundo foi vítima de violência doméstica,
existem donas de casas, advogadas, médicas que sofrem da mesma violência que
Amanda sofreu, infelizmente o fim dela foi triste e de uma forma violenta e trágica.
Fica meu respeito pela pessoa da Amanda , ficam as lembranças dos shows, as
risadas nas viagens e a lembrança da Garra que ela tinha em querer um futuro
melhor para sua Filha e sua mãe. Peço a Deus que dê o descanso merecido para
Amanda e o conforto necessário para toda sua família".
Nenhum comentário:
Postar um comentário