sexta-feira, 10 de abril de 2015

Inflação corrói ganhos da poupança; veja dicas para proteger seu dinheiro

Quem investe na poupança perdeu dinheiro no primeiro trimestre de 2015. O rendimento da caderneta encolheu 2,07% frente à inflação neste período, segundo cálculo feito pelo coordenador da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Oliveira.

Enquanto a aplicação mais popular do país rendeu 1,72% entre janeiro e março, a inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 3,83%. É o quarto mês seguido em que a alta dos preços corrói os ganhos da caderneta.
Na opinião do educador financeiro André Massaro, a poupança está cada vez menos atrativa. “Existem opções muito mais interessantes que a poupança, com um nível de segurança igual ou maior. Está difícil 'defender' a velha e boa caderneta neste momento", diz.

Em março, a poupança registrou a maior fuga de recursos da série histórica, iniciada em janeiro de 1995, e bateu um novo recorde negativo pelo terceiro mês seguido. A aplicação teve saída líquida (número de retiradas menos depósitos) de R$ 11,43 bilhões, de acordo com dados do Banco Central.

A poupança rende 0,5% ao mês mais a taxa referencial (TR) – que é usada como referência no rendimento de vários investimentos – desde março de 2012. Nos últimos doze meses, a poupança rendeu 7,01%, enquanto a inflação foi de 8,13%, uma perda real de 1,05% para o poupador.

Diversificar investimentos é saída
Em tempos de inflação alta, o consultor financeiro Maurício Galhardo recomenda que o poupador nunca coloque todos os ovos na mesma cesta. Ou seja, diversifique seus investimentos. “A inflação, por mais que prejudique o rendimento de algumas aplicações, pode melhorar o rendimento de outras”, lembra.
Para Massaro, investimentos em renda fixa pré-fixada (com a rentabilidade definida no momento da compra) costumam ser os mais prejudicados quando os preços sobem demais.
“Alta de inflação é quase um sinônimo de alta dos juros (o governo sobe os juros para tentar desacelerar a inflação), e quando os juros sobem, os títulos prefixados sofrem”, explica. Para quem espera inflação mais alta nos próximos meses, investir em fundos pós-fixados (com rentabilidade que varia) é o melhor caminho, na opinião de Galhardo.
Nestes casos, lembra o especialista, algum índice econômico – que de alguma forma reflete os impactos da inflação, como o IGP-M, IPC-A e outros – estarão atrelados ao investimento e gerarão maior rendimento.

“Outra alternativa é investir em fundos cambiais, visto que o aumento da inflação tende a desvalorizar nossa moeda (real), gerando maior valor ao dólar ou outra moeda estrangeira”, sugere. O dólar acumula, desde o começo do ano, alta de quase 15%.

As maiores ferramentas de proteção contra a inflação alta, segundo Massaro, são os títulos de renda fixa indexados à inflação, como o "Tesouro IPCA" (nova nomenclatura da antiga NTN-B, do Tesouro Direto) e alguns títulos privados, como debêntures.

“Além desses, os imóveis para aluguel (com contratos reajustados anualmente) e ações de algumas empresas, especialmente no setor de consumo e que podem repassar a inflação nos preços de seus produtos, são as melhores opções de proteção”, diz o educador financeiro.

Poupança ainda pode ser atrativa no curto prazo
A caderneta é recomendada, especialmente, para a formação de uma reserva de emergência, por sua alta liquidez (possibilidade de resgatar o dinheiro a qualquer momento). Os especialistas sugerem que esta reserva deva ser do valor entre três a seis salários líquidos da família.

A poupança é um investimento interessante para quem quer adquirir a cultura de investir (quem é iniciante) ou para quem tem expectativa de utilizar o valor investido num prazo curto de tempo – até 6 meses, explica Galhardo.


“Para quem já possui valores maiores do que R$ 20 mil e tem objetivos para maior prazo, vale pesquisar outras alternativas de investimento, que certamente proporcionarão maior rendimento neste momento”, sugere.

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