Quem
investe na poupança perdeu dinheiro no primeiro trimestre de 2015. O rendimento
da caderneta encolheu 2,07% frente à inflação neste período, segundo cálculo
feito pelo coordenador da Associação Nacional dos Executivos de Finanças,
Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Oliveira.
Enquanto
a aplicação mais popular do país rendeu 1,72% entre janeiro e março, a inflação
oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 3,83%.
É o quarto mês seguido em que a alta dos preços corrói os ganhos da caderneta.
Na
opinião do educador financeiro André Massaro, a poupança está cada vez menos
atrativa. “Existem opções muito mais interessantes que a poupança, com um nível
de segurança igual ou maior. Está difícil 'defender' a velha e boa caderneta
neste momento", diz.
Em
março, a poupança registrou a maior fuga de recursos da série histórica,
iniciada em janeiro de 1995, e bateu um novo recorde negativo pelo terceiro mês
seguido. A aplicação teve saída líquida (número de retiradas menos depósitos)
de R$ 11,43 bilhões, de acordo com dados do Banco Central.
A
poupança rende 0,5% ao mês mais a taxa referencial (TR) – que é usada como
referência no rendimento de vários investimentos – desde março de 2012. Nos
últimos doze meses, a poupança rendeu 7,01%, enquanto a inflação foi de 8,13%,
uma perda real de 1,05% para o poupador.
Diversificar
investimentos é saída
Em
tempos de inflação alta, o consultor financeiro Maurício Galhardo recomenda que
o poupador nunca coloque todos os ovos na mesma cesta. Ou seja, diversifique
seus investimentos. “A inflação, por mais que prejudique o rendimento de
algumas aplicações, pode melhorar o rendimento de outras”, lembra.
Para
Massaro, investimentos em renda fixa pré-fixada (com a rentabilidade definida
no momento da compra) costumam ser os mais prejudicados quando os preços sobem
demais.
“Alta
de inflação é quase um sinônimo de alta dos juros (o governo sobe os juros para
tentar desacelerar a inflação), e quando os juros sobem, os títulos prefixados
sofrem”, explica. Para quem espera inflação mais alta nos próximos meses,
investir em fundos pós-fixados (com rentabilidade que varia) é o melhor
caminho, na opinião de Galhardo.
Nestes
casos, lembra o especialista, algum índice econômico – que de alguma forma
reflete os impactos da inflação, como o IGP-M, IPC-A e outros – estarão atrelados
ao investimento e gerarão maior rendimento.
“Outra
alternativa é investir em fundos cambiais, visto que o aumento da inflação
tende a desvalorizar nossa moeda (real), gerando maior valor ao dólar ou outra
moeda estrangeira”, sugere. O dólar acumula, desde o começo do ano, alta de
quase 15%.
As
maiores ferramentas de proteção contra a inflação alta, segundo Massaro, são os
títulos de renda fixa indexados à inflação, como o "Tesouro IPCA"
(nova nomenclatura da antiga NTN-B, do Tesouro Direto) e alguns títulos
privados, como debêntures.
“Além
desses, os imóveis para aluguel (com contratos reajustados anualmente) e ações
de algumas empresas, especialmente no setor de consumo e que podem repassar a
inflação nos preços de seus produtos, são as melhores opções de proteção”, diz
o educador financeiro.
Poupança
ainda pode ser atrativa no curto prazo
A
caderneta é recomendada, especialmente, para a formação de uma reserva de
emergência, por sua alta liquidez (possibilidade de resgatar o dinheiro a
qualquer momento). Os especialistas sugerem que esta reserva deva ser do valor
entre três a seis salários líquidos da família.
A
poupança é um investimento interessante para quem quer adquirir a cultura de
investir (quem é iniciante) ou para quem tem expectativa de utilizar o valor
investido num prazo curto de tempo – até 6 meses, explica Galhardo.
“Para
quem já possui valores maiores do que R$ 20 mil e tem objetivos para maior
prazo, vale pesquisar outras alternativas de investimento, que certamente
proporcionarão maior rendimento neste momento”, sugere.
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