A polícia
realiza desde a manhã desta sexta-feira (17) a reproduções simuladas das mortes
de Eduardo Jesus, Elizabeth Alves de Moura Francisco e de capitão Uanderson,
todos mortos no Conjunto de Favelas do Alemão. Os trabalhos eram realizados
simultaneamente em três pontos da comunidade. Participam da reconstituição 120
agentes da Polícia Civil, além de 10 peritos, e mais de 20 PMs. Dentre eles, os
três suspeitos de envolvimento na morte de Eduardo Jesus. As informações foram
divulgadas pelo delegado da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa.
Antes de
começarem as reconstituições, o delegado Rivaldo Barbosa afirmou que nenhum
culpado será poupado e ressaltou a importância do trabalho conjunto entre as
polícia Militar e Civil, o Ministério Público e a Defensoria Pública.
Elizabeth
Alves, de 41 anos, morreu ao ser baleada dentro de casa, em março, mesmo mês
que Eduardo de Jesus Ferreira foi baleado na rua, na localidade conhecida como
areal, segundo a família, por PMs. Já capitão Uanderson Manoel Gomes da Silva,
ex-comandante da UPP, morreu em setembro de 2014.
Com as
reproduções simuladas, a polícia pretende esclarecer as circunstâncias em que
cada uma das vítimas foi baleada.
"Não
trabalhamos sobre pessoas. Nós investigamos os fatos. A reprodução simulada é
imprescindível para esclarecer o caso. Precisamos estabelecer os locais onde
estavam as vítimas, policiais e pessoas que possam ter visto ou ouvido o que
aconteceu", disse o delegado Rivaldo Barbosa.
O governador
Luiz Fernando Pezão participou de uma reunião com a Defensoria Pública na
quinta-feira e ficou acertado que o estado vai indenizar as famílias das
vítimas assim que acabarem as investigações.
Família de
Eduardo era aguardada
Os pais de
Eduardo voltaram ao Rio nesta quarta-feira (15) após cerca de 10 dias de viagem
do interior do Piauí, onde o menino de 10 anos foi enterrado. Os parentes foram
recebidos no início da noite por agentes da DH, que os levaram para a
delegacia, na Barra, onde prestaram depoimento.
José Maria,
pai do garoto, disse que a família não vai ficar na casa onde morava no Morro
do Alemão durante os dias em que permanecer no Rio.
"Não
vamos voltar pra lá. Vamos ficar na casa de um dos meus irmãos que também mora
no Rio de Janeiro", contou. Além de José Maria, a mãe, duas irmãs de
Eduardo e um sobrinho, foram ao Piauí para o enterro do menino, que aconteceu
no dia 6 na cidade de Corrente.
O crime
Eduardo de
Jesus Ferreira foi baleado na porta de sua casa e morreu na hora no fim da
tarde do dia 2. Terezinha diz ter certeza de que um policial fez o disparo. Os
policiais que participaram da operação que culminou com a morte do menino foram
afastados das ruas.
Segundo o
laudo da perícia, a criança foi atingida por uma bala de “alta energia
cinética”, possivelmente disparada de um fuzil. Na ocasião, policiais militares
tinham sido atacados por suspeitos e estavam revidando a agressão numa área de
mata, conhecida como Areal.
Nesta terça
(14), dois PMs que admitiram que deram tiros perto do local onde ele morreu
prestaram depoimento. Segundo o advogado Rafael Abreu Calheiros, os PMs
reiteraram que atiraram porque foram atacados.
"Aonde
eles estavam é chamado 'quadrado do tráfico'. Já teve um policial que foi morto
lá", disse o defensor, enfatizando que "numa agressão, houve uma justa reação".
Nenhum comentário:
Postar um comentário