Ator e
diretor morreu em sua casa nesta terça-feira, em São Paulo.
Ele deixa
dois filhos e dois netos. 'Era um gênio', diz sobrinho.
O corpo do
ator e diretor de teatro Antônio Abujamra, 82 anos, será velado a partir do
final da tarde desta terça-feira (28) no Teatro Sérgio Cardoso, na Bela Vista,
Centro de São Paulo. Ele morreu pela manhã em sua em casa, em Higienópolis,
Zona Oeste da capital. A causa da morte foi um infarto no micárdio, segundo o
SPTV. Ele deixa dois filhos e dois netos.
O diretor
foi encontrado desacordado e o filho Alexandre chamou os médicos, que atestaram
a morte. O sobrinho, João Abujamra, contou que conversou com o tio nesta
segunda-feira (27) e afirmou que ele "estava ótimo". João também
disse que ele não estava fazendo nenhum tratamento médico.
"Ele
era um gênio com quem a gente sempre aprendia. Um tio amado", disse ao G1.
Abujamra também era tio das atrizes Clarisse Abujamra e Iara Jamra, do cineasta
Samir Abujamra e pai do músico e ator André Abujamra.
Samir lamentou a morte do tio em mensagem no
Facebook. "Morreu meu ídolo, meu segundo pai, o homem que me fez ser
artista. Tio Tó, Antônio Abujamra".
Segundo nota
divulgada pela TV Cultura, emissora em que apresentava o programa Provocações,
ele estava dormindo em sua casa.
"É com
grande pesar que informamos que hoje, 28/042015, o apresentador de Provocações,
Antônio Abujamra, faleceu. Agradecemos o carinho e apoio de todos que tem nos
acompanhado ao longo desses 14 anos de programa", diz nota na página do
programa no Facebook.
Nascido em
Ourinhos, em 15 de setembro de 1932, Antônio Abujamra foi um dos primeiros a
introduzir os métodos teatrais de Bertolt Brecht e Roger Planchon em palcos
brasileiros.
Formou-se em
filosofia e jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul, em Porto Alegre, em 1957. Inicia-se como crítico teatral e faz suas
primeiras incursões como ator e diretor no Teatro Universitário, entre 1955 e
1958, nas montagens de “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa; “À Margem da Vida” e
“O Caso das Petúnias”, de Tennessee Williams; “A Cantora Careca” e “A Lição”,
de Eugène Ionesco; e “Woyzeck”, de Georg Büchner.
Abujamra
estreia profissionalmente em 1961, em São Paulo, no Teatro Cacilda Becker, onde
dirige “Raízes”, de Arnold Wesker, e no Teatro Oficina, com “José, do Parto à
Sepultura”, de Augusto Boal. “Antígone América”, de Carlos Henrique Escobar,
1962, é a primeira de uma série de montagens que dirige para a produtora Ruth
Escobar.
Em 1963,
associa-se a Antônio Ghigonetto e Emílio Di Biasi e funda o Grupo Decisão, com
a intenção de disseminar o teatro político com base na técnica brechtiana. A
primeira produção é “Sorocaba, Senhor”, uma adaptação de “Fuenteovejuna”, de
Lope de Vega.
Em 1965,
Abujamra dirige, no Rio de Janeiro, a montagem de “O Berço do Herói”, de Dias
Gomes. A peça foi interditada pela censura no dia do ensaio geral. Nos anos
seguintes, dedica-se ao Teatro Livre, companhia de Nicette Bruno e Paulo
Goulart realizando montagens ambiciosas, como “Os Últimos”, de Máximo Gorki.
Em 1975,
dirige Antônio Fagundes no monólogo “Muro de Arrimo”, de Carlos Queiroz Telles,
paradoxo entre as duras condições de vida de um operário da construção civil e
suas ilusórias expectativas de um futuro brilhante, e recebe o Prêmio Molière,
pela direção de “Roda Cor de Roda”, de Leilah Assumpção.
Na primeira
metade dos anos 1980, Abujamra se engaja em recuperar o Teatro Brasileiro de
Comédia. Entre seus espetáculos mais significativos no TBC estão “Os Órfãos de
Jânio”, de Millôr Fernandes, 1981; “Hamletto”, de Giovanni Testori, 1981;
“Morte Acidental de um Anarquista”, de Dario Fo, 1982; e “A Serpente”, de
Nelson Rodrigues, 1984. Em 1987, encerrado o projeto do TBC, Abujamra dirige,
para a Companhia Estável de Repertório, de Antonio Fagundes, a superprodução
“Nostradamus”, de Doc Comparato, grande êxito de bilheteria.
Aos 55 anos,
Abujamra inicia sua carreira de ator. Em dois anos, atua em duas telenovelas e
três peças e é premiado pelo desempenho no monólogo “O Contrabaixo”, de Patrick
Suskind, 1987. Em 1991, recebe o Prêmio Molière pela direção de “Um Certo
Hamlet”, espetáculo de estreia da companhia Os Fodidos Privilegiados, fundada
por Abujamra para ocupar o Teatro Dulcina, no Rio.
Declaração
Em
depoimento ao jornal 'O Estado de S. Paulo', em 2010, o escritor falou de sua
percepção a respeito da vida e da morte. "A essência do meu progresso
estava em poder aceitar a minha decadência. Ou seja, progredir até morrer,
porque viver é morrer. E não me arrependo de nada."
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