Casal estava
ao lado do vulcão Calbuco e filmou início da erupção e fuga.
Eles
suspenderam férias, deixaram as malas para trás e tentam sair do país.
De férias
com o marido australiano no sul do Chile, a brasileira Neusa Rohde, de 58 anos,
estava tirando fotos da paisagem quando entrou no quarto da pousada para
carregar o celular. De repente, sentiu um tremor no chão, “parecido ao de uma
betoneira trabalhando”. Abriu a janela e viu um cenário de filme: o vulcão
Calbuco, a menos de 2 km de onde ela estava, acabara de entrar inesperadamente
em erupção, após quase 50 anos adormecido.
Era
quarta-feira (22), perto das 18h. Eles pegaram documentos e dinheiro e fugiram
de lá, “praticamente de pijama”. Sentiam o calor do vulcão chegando perto. “Foi
assustador. Um pânico, um pavor. Não sabíamos que rumo tomar, se íamos para a
esquerda ou para a direita, onde ficaríamos a salvo”, contou ela ao
Dez
quilômetros adiante, na cidade de Puerto Varas, policiais distribuíam máscaras
e orientavam as pessoas. Havia engarrafamentos e filas nos postos de gasolina.
“Tudo foi
muito organizado, mas isso não evitou o pânico. Os carros furavam o sinal
vermelho. Passamos por duas escolas e só se viam mães correndo desesperadas
atrás dos filhos. O chão tem mais de 20 cm de pedras e cinzas expelidas pelo
vulcão”, relata a brasileira.
Ela e o
marido conseguiram pegar um atalho por uma estrada de terra para acessar a
rodovia. Pararam à 1h da madrugada, para dormir. Ou melhor, para não dormir.
“Durante a noite ouvíamos explosões, o chão tremia. Isso porque estávamos a 50
km do vulcão. Foi apavorante. A gente não dormiu nada, nada.”
Fuga
Agora, os
dois estão tentando achar um jeito de sair do país. Tentaram por Bariloche, mas
as fronteiras estão fechadas. Estão indo em direção ao norte, procurando outra
fronteira com a Argentina que esteja aberta. Se não conseguirem, talvez tenham
que ir até Santiago.
Neusa diz
que a situação nas cidades próximas ao Calbuco está crítica. “A região está em
alerta vermelho. As pessoas estão todas em abrigos. A água dos rios está
poluída. Os animais estão à mercê da própria sorte, sem água, sem alimento.”
Eles tinham
acabado de chegar a Ensenada e pretendiam ficar cinco dias. “Pagamos a pousada
adiantado, tinha muita coisa linda para a gente conhecer: rios, lagos
cachoeiras. Tudo foi suspenso porque o vulcão Calbuco nos pregou uma peça. Foi
uma fatalidade. É um país maravilhoso, um dia queremos voltar.”
As malas do
casal ficaram para trás, na pousada. “Deixamos muitas coisas lá. Mas o
importante é voltar em segurança e dar um forte abraço nos nossos filhos”, diz.
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