Em coletiva,
Anderson Silva fala sobre possível presença nas Olimpíadas do Rio: "Eu já
estou treinando.Comecei no taekwondo, e o taekwondo mudou a minha
história"
Passaram 23
anos desde que Anderson Silva se despediu do taekwondo, esporte que começou a
praticar quando ainda era um menino de sete anos. Desde então, fez nas artes
marciais um caminho vitorioso, se tornando por muito tempo referência do MMA e
campeão dos médios do UFC. Agora, aos 40 anos, quis voltar até suas origens.
Nesta quarta-feira, em uma coletiva de imprensa realizada no Rio de Janeiro,
ele anunciou que não medirá esforços para conseguir a façanha de se classificar
para os Jogos Olímpicos de 2016, como atleta de taekwondo.
- Estou
tentando devolver para o esporte o que o esporte me deu. Comecei no taekwondo,
e o taekwondo mudou a minha história. Eu já estou treinando, nunca parei de
treinar e voltei a treinar agora. Existe essa possibilidade, sempre foi uma
coisa que eu quis fazer, mas não havia a possibilidade por conta dos meus
compromissos estarem muito ativos dentro do UFC. Agora estou tendo essa
oportunidade.
Ao lado de
Anderson Silva na coletiva, o presidente da Confederação Brasileira de
Taekwondo (CBTKD) celebrou a oportunidade de ter um atleta como o Spider em
busca de uma vaga olímpica. Sobre um possível descontentamento de
representantes do taekwondo nacional, o Spider deixou claro que pretende
disputar os processos de seleção e não passar por cima de outros atletas. Se
disse disposto, inclusive, a ''passar vergonha'' caso não esteja preparado da
melhor forma.
- Claro que
meus companheiros têm alguma razão no que eles falaram, com certeza, parei de
treinar taekwondo quando eu tinha 17 anos, então a dificuldade que vou
encontrar hoje do taekwondo da minha época para hoje são muito maiores, mas é
um desafio ao qual estou disposto a enfrentar, não estou preocupado em passar vergonha,
até pelo que fiz pelo esporte. Tudo que o taekwondo me deu serviu para que eu
levasse o país aonde precisava levar, que era transformar nosso país durante
muito tempo na maior força dentro do MMA mundial. No taekwondo vou tentar fazer
a mesma coisa, não por ter que provar algo para alguém, mas estou aqui para
ajudar o esporte e fortalecer quem me fortaleceu durante anos - disse o Spider,
que também ressaltou que não quer ''tomar a vaga de ninguém''.
Mais uma
vez, o presidente da CBTKD deixou claro que Anderson Silva não terá nenhum tipo
de regalia ou favorecimento nas disputas de seletivas, que devem começar a
partir de janeiro de 2016. No entanto, reconheceu o potencial de marketing que
o Spider pode ter para a modalidade.
- Na seletiva nacional que iremos fazer não
terá ranking. A ideia é fazer a chapa esquentar e que vença os melhores. O
ranking é pontuado todo ano, mas a nossa ideia aqui, da comissão técnica com a
presidência, não é que o ranking prevaleça. Entendemos que atleta é bom é o que
está em dia. Isso vai prevalecer para ver quem vai para as Olimpíadas - disse
Carlos Fernandes.
Para os
Jogos de 2016, a seleção tem quatro vagas garantidas (duas no masculino e duas
no feminino) por ser sede do evento, e outras quatro podem ser conquistadas
pela posição dos brasileiros no ranking. Na semana passada, a Confederação
Brasileira anunciou que, após uma reunião com o Comitê Rio 2016, ficou decidido
que a primeira categoria de peso contemplada seria justamente o peso-pesado
masculino. As seletivas internas, que definirão os nomes em cada categoria,
serão no início do ano que vem.
Anderson
Silva ainda enfrenta uma questão envolvendo dopagem. No início de fevereiro,
ele foi flagrado em um exame após sua luta diante diante do americano Nick
Diaz, que marcou seu retorno ao octógono do UFC após a grave lesão na perna.
Diante do fato da Comissão Atlética de Nevada não estar vinculada coma Agência
Mundial Antidoping, a CBTKD considera que não exista problema nesse sentido. O
lutador diz estar respeitado todo o processo enquanto aguarda seu julgamento,
que ainda não tem data. A primeira audiência, para ouvir a defesa, será no
início de maio.
- Estou
respeitando todo o processo, o julgamento foi adiado de novo, não pedi, foram
meus advogados que pediram, não sei o motivo, e estou aguardando porque até
agora não sei o que aconteceu. Me perguntam porque não me pronunciei, mas é
porque não sei ainda o que aconteceu. De repente vou falar uma coisa da qual
não sei e isso pode me prejudicar. Então vou esperar a comissão decidir o
julgamento, e os advogados e médicos que contratamos vão levar os exames para
mostrar o que aconteceu e ver o que eles vão decidir. Em relação a comissão me
impedir de eu participar da seletiva, não sei se isso vai acontecer. São duas coisas
bem distantes, mas se houver esse impedimento da comissão, vou respeitar. Sou
atleta e tenho que respeitar o que a comissão disser - afirma.
Anderson
Silva promete também trabalho intenso de treinamentos. A ideia da Confederação
é que ainda esse ano ele participe de torneios nacionais ou Opens nacionais, já
que não faz parte da seleção. O presidente afirma que ele deve retornar ao Rio
de Janeiro para trabalhar voltado para a modalidade.
- Acho que
primeiramente tenho que voltar aos treinos, sou realista, sei que as condições
que tenho hoje de participar de qualquer competição neste sentido está muito
longe. Tenho que me preparar para isso. Ganhar velocidade, aprender a usar o
equipamento que está totalmente mudado, mas a expectativa é grande. Acho que
você nunca pode deixar de acreditar nos sonhos, sempre acreditei e não é agora
que vou deixar de acreditar. Acho que vai haver dificuldade e o não já tenho,
derrotas já tenho, o máximo que vai acontecer é não conseguir resultado
esperado, mas vou tentar - promete o Spider.
COMEÇO NO
TAEKWONDO
Na
entrevista, Anderson relembrou o início da carreira. O taekwondo foi o esporte
que o "apresentou" para o MMA, onde seus chutes sempre foram
essenciais para o sucesso:
- Quando
comecei no taekwondo, meus amigos treinavam no taekwondo e na época eu não
tinha condições de comprar o material e meus amigos treinavam. A academia do
Mestre Kang era em cima do prédio da escola e eu subia para ver. Um dia ele me convidou
para treinar, treinei, comecei a limpar a academia, os espelhos e ele deixou eu
treinar. Um dia minha tia me pegou no colégio, e eu saí mais cedo para treinar.
Minha tia me viu entrando e subiu porque não deixava eu treinar luta. Só que aí
a coisa começou a ficar mais séria, porque ela viu todo mundo treinando e viu
que tinha algo diferente, que eu não fazia de sacanagem- lembrou, sorrindo.
PARA
PRESIDENTE, TAEKWONDO "GANHOU NA LOTERIA"
Mandatário
da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd), Carlos Fernandes falou sobre a
importância de um nome conhecido no Brasil inteiro entrar para a modalidade.
Segundo ele, o taekwondo ganhou na loteria:
- Acho que todos sabemos que marketing é caro,
ainda mais no Brasil, e o Anderson, com esse desejo dele, foi uma loteria.
Diria que ganhamos na mega-sena, né campeão? Está sendo bom para os dois. Para
a gente do taekwondo, confederação, Anderson, estamos precisando disso. Sabemos
que patrocinio é complicado no Brasil, país do futebol e por que não ser o país
das lutas, das artes marciais? Falando do lado técnico, diria que nós pensamos
do Anderson... Vejo que o Anderson é que nem água. Vai surpreender muita gente.
Ele é água porque água, se você bota no pote, vira o pote, se coloca num copo,
vira o copo. O Anderson se adapta a qualquer circunstância. Quem estiver
pensando o contrário, da sua superioridade, vai se enganar. Anderson é muito
inteligente - disse o presidente.
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