Cerca de 1,5
mil vivem na Terra Indígena Mangueirinha, no Paraná.
Terra
Indígena é considerada a maior de Araucária Nativa do mundo.
O domingo
(19), Dia do Índio, começou com festa para os descendentes daqueles que já
habitavam o Brasil quando os portugueses aqui chegaram, em 1500. A data é tida
como um dia de reflexão sobre a importância da preservação dos povos, da
manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais.
No Paraná,
em especial na Terra Indígena Mangueirinha, no sudoeste do estado, são cerca de
1,5 mil indíos, entre Caingangues e Guaranis, que lutam diariamente pela
demarcação de terras.
A reserva
tem mais de 16 mil hectares, no limite entre os municípios de Coronel Vivida e
Chopinzinho. Atualmente, é considerada a maior reserva de Araucária Nativa do
mundo, destaca o sociólogo e professor visitante da Universidade Tecnológica do
Paraná (UTFPR) Antônio Cavalcanti de Almeida.
Por isso, os
índios ficam limitados para plantar alimentos, já que não podem cometer o
desmatamento. Nas poucas áreas em que isso pode ser feito, eles plantam feijão,
soja, milho, entre outros, mas o espaço não garante o alimento para toda a comunidade,
ressalta o sociólogo.
A renda
familiar também vem da comercialização de artesanatos, feitos de penas de aves,
palhas e madeira, que são oferecidos para os visitantes na própria aldeia e em
pontos urbanos próximos.
Os índios
chegaram à região de Mangueirinha em meados de 1890 para ajudar na construção
de uma estrada que fazia a ligação entre os municípios de Palmas e Chopinzinho,
na mesma região. A mão de obra indígena foi contratada pelo governo do Paraná,
que à época ainda era província de São Paulo. Ao efetuar o pagamento pelo
serviço, o governo foi surpreendido pelos índios, conta Almeida.
"Eles
disseram que não queriam dinheiro como forma de pagamento, mas sim terras. E
foi então que o governo aceitou a proposta e delimitou parte das terras da região
para os indígenas, que foram trazendo suas famílias aos poucos para o
Paraná", diz o sociólogo, que destacou ainda que a união sempre foi uma
característica indígena. "Eles pensaram que não teriam o que fazer com o
dinheiro, mas que precisavam de terras para os povos", acrescentou o
sociólogo.
"De lá
pra cá foram várias situações históricas em que esses indígenas tiveram que
reivindicar suas terras. Eu me lembro, por exemplo, que em 1949 o governo
estadual, que era administrado pelo ex-governador Moisés Lupion, dividiu as
terras e passou a negociar com os colonos", lembrou. Conforme Almeida,
pouco tempo depois os caingangues e guaranis acabaram conquistando o espaço
novamente.
As
festividades contam com comidas típicas como pinhão cozido, "emi",
que é um bolo de milho assado nas cinzas do fogo do chão e frutos e verduras
cultivados na reserva como jabitucabas, pitangas, abóboras, entre outros.
As
comemorações também contam com danças, atos religiosos e brincadeiras como cabo
de guerra com cipó, corrida do cesto e pau de sebo.
Vida Urbana
Os índios da
Terra Indígena Mangueirinha procuram manter as tradições dos antepassados, mas
com o passar dos anos, acabaram se assemelhando mais a sociedade atual. Parte
da consequência disso é porque dentro da reserva foram construídas duas
estradas - uma federal e outra estadual.
Muitas
fábricas da região também oferecem empregos aos indígenas, destaca o sociólogo.
A educação é viável para o Ensino Fundamental. Os índios que quiserem ter
acesso ao Ensino Médio e Superior têm de estudar fora das aldeias. "Alguns
até conseguem se formar, mas esse índice ainda é muito pequeno diante da
comunidade indígena em geral", ressalta Almeida.
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