Segundo a
polícia, treinadores davam presentes aos alunos em Cuiabá.
Suspeitos
prometiam a crianças que elas jogariam em grandes clubes.
Dois
professores de escolas de futebol, de 52 e 34 anos, foram presos em Cuiabá
suspeitos de terem estuprado 10 alunos. De acordo com a Delegacia Especializada
de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) os dois
professores faziam falsas promessas de que os garotos jogariam em grandes
clubes de futebol e em troca disso as vítimas concordavam em manter relações
sexuais com eles. As prisões ocorreram no sábado (16).
Tentamos localizar
os advogados dos suspeitos, mas não conseguiu e não obteve retorno até a
publicação desta reportagem. Até o momento a Polícia Civil identificou 10
alunos, com idades entre 12 e 16 anos. Segundo a Deddica, Júlio César Patini e
Gesiel Gomes comandavam escolinhas de futebol nos bairros Residencial Coxipó,
Itapajé e Coophema, todos na capital mato-grossense. Mais de 200 alunos
frequentam as duas escolas.
Os crimes
foram descobertos após uma das vítimas denunciar o caso à polícia em 2013. No
entanto, as investigações foram prejudicadas depois que a vítima morreu em um
confronto com policiais na capital.
“E esses
abusos aconteciam da seguinte premissa: os dois alegavam que conheciam
empresários de grandes clubes brasileiros e diziam que se as vítimas topassem
manter relações sexuais ou qualquer ato libidinoso com eles teriam um futuro
promissor no futebol, e é claro se tratava de uma falsa promessa. As vítimas
que topavam ganhavam alguns presentes, como chuteiras, caneleiras, camisa de
futebol e eram colocadas no time titular da escolinha”.
Segundo o
delegado, os dois professores descobriram que estavam sendo investigados e
começaram a atrapalhar a polícia ao influenciarem os alunos. “Eu pedi a prisão
temporária deles, por 30 dias, para que nesse período possamos identificar o
montante total das vítimas e para que elas possam descrever o que aconteceu de
forma tranquila, sem se sentirem constrangidas diante dos dois”, completou
Botelho.
Todas as 10
vítimas já prestaram depoimento ao delegado. De acordo com elas, os abusos
ocorriam nas casas dos suspeitos, nas próprias escolas e em terrenos baldios
próximos a esses locais. Algumas das vítimas foram levadas para fazer
intercâmbio com outras escolas em São José do Rio Preto (SP), onde também foram
violentadas.
Os dois
professores foram presos nas escolas de futebol. "Na viatura o Júlio confessou
informalmente e disse 'Deus há de me perdoar pelos meus pecados'. O Gesiel não
falou nada. Eles devem ser ouvidos na semana que vem", informou o
delegado. Os dois treinadores foram encaminhados ao Centro de Ressocialização
de Cuiabá (antigo Carumbé), na capital.
"As
vitimas não se encorajam a divulgar esses abusos que sofreram porque entendem
que a publicidade desses crimes por parte de um inquérito policial é até mais
grave do que o sofrimento causado pelo crime e preferem que isso fique
impune", finalizou o delegado.
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