Sem cinema
ou shopping, Marsilac, Zona Sul, tem alta taxa de homicídios.
Quem vive no
local diz que única praça fica cheia de usuários de drogas.
Moradores do
distrito de Marsilac, no extremo da Zona Sul de São Paulo, precisam viajar até
três horas para buscar uma opção de lazer em outra região. Se o passeio for
visitar a Praça da Sé, no Centro de Capital, o caminho em linha reta é de 60
km. A opção mais procurada para quem mora no "bairro esquecido" é ir
ao cinema nos shoppings em Santo Amaro e Parelheiros.
Segundo o
estudo "O Mapa da Desigualdade", Marsilac não tem cinema, teatro,
centro cultural, museu ou área para prática de esporte. O distrito também teve
a maior quantidade de homicídios a cada 10 mil habitantes e taxa mais alta de
mortes entre jovens de 14 a 29 anos, em 2014. Nem o mosquito da dengue chega
lá, brincam os moradores.
"A
gente tem de sair daqui, vai para o Centro de São Paulo, porque aqui não tem
diversão. É zero, zero. A gente demora umas três horas, depende do ônibus.
Geralmente é o dia inteiro. A gente perde mais tempo se deslocando do que se
divertindo", disse a professora Silvana Aparecida Silva, 35 anos.
Ela se
preocupa com a falta de um local para as crianças de Marsilac brincar e que por
isso muitas acabam brincando na rua mesmo. "Gostaria que tivesse mais
espaços para as crianças, parques, um lugar seguro para os menores. Se tivesse
algum centro cultural com eventos iria ajudar muito. Se tivesse cinema aqui
seria ótimo, teatro também", afirmou Silvana.
A
comerciante Natália Almeida Ferreira, 25 anos, disse que costuma se divertir em
Parelheiros. "A gente se diverte indo para o ponto de ônibus, esperando 40
minutos e indo até Parelheiros. Até lá são mais 40 minutos, pelo menos. Para
outro lugar é mais demorado, até duas horas."
Ela falou
que em Parelheiros a opção de diversão é ficar nas praças. “Vamos a algum
barzinho ou local de eventos. Se for para cinema ou teatro, demora mais, até
duas ou três horas, isso se for para o Centro, pra Sé ou para a Avenida
Paulista”, disse Natália.
Grávida de
quase 9 meses, a comerciante também disse estar atenta ao problema de violência
em Marsilac. “Vi os números da pesquisa e a gente fica preocupada mesmo, mas
vamos fazer o que, né?”
Paula
Herculano Matias, 34 anos, dona de casa, disse que “quando a gente vai se
divertir vai de busão porque aqui em Marsilac não tem onde se divertir. É bem
longe mesmo. A gente vai para o shopping em Interlagos, em Santo Amaro. Nunca
fui ao teatro, mas gosto. Tenho três filhos e uma dificuldade de encontrar
lazer para eles. Não tem lazer para criança aqui.”
A professora
Edileuza Silva, 38 anos, também frequenta shoppings de outros bairros para se
divertir. "Aqui não tem praticamente nada. Demora uma hora, dependendo do
motorista do ônibus. Sinto mais falta de lazer, de cinema. O que tem aqui é uma
pracinha e é um lugar onde ficam pessoas usando drogas à noite, então, nem
ficamos perto.”
O recreador
infantil Edson da Rocha Machado, 28 anos, disse que tem dificuldade até para
trabalhar em Marsilac. "Emprego nessa área só em outras regiões. Para se
divertir aqui só temos a quadra da escola pública, o campo de futebol e a
cachoeira quando está verão. Se quiser cinema, teatro tem de ir ao shopping em
Santo Amaro ou Interlagos, mas o mínimo de tempo que se perde são duas horas.
Quem tem carro fica mais rápido."
Nenhum comentário:
Postar um comentário