Piloto de
avião movido a energia solar que cruzará o Pacífico fará sonecas curtas durante
5 dias; especialistas avaliam efeitos sobre a saúde.
O avião
Solar Impulse está prestes a decolar da China rumo ao Havaí na missão de
tornar-se o primeiro avião movido a energia solar a dar a volta ao mundo. O
piloto poderá tirar apenas cochilos de 20 minutos, o que levanta a questão:
qual o efeito disso sobre a saúde?
Por cinco
dias e noites, o piloto sobrevoará sozinho o Oceano Pacífico, tirando cochilos
curtos de 20 minutos, de 10 a 12 vezes por dia. Ele deixará o piloto automático
temporariamente sem ser observado. O piloto teria sido treinado em
auto-hipnose.
Kevin
Morgan, professor de Psicologia no Centro de Sono de Loughborough, na
Grã-Bretanha, adverte que é preciso, pelo menos, meia hora para uma soneca
reparadora, e 90 minutos para um ciclo de sono completo.
No caso do
piloto, são períodos mais curtos; David Ray, professor de Medicina e
Endocrinologia na Universidade de Manchester, questiona sua eficácia. "O
risco é que, durante a viagem de cinco dias, durante o estado de privação de
sono, eles cometam um erro, que a capacidade de tomar decisões seja jogada pela
janela", diz Ray.
"Você
pode se recuperar depois de um tempo, com umas boas noites de sono. Mas não é
muito agradável."
Em
experimento realizado pela Nasa, pilotos que puderam tirar um cochilo de 40 a
45 minutos melhoraram seu desempenho em 34% e seu estado de alerta em 54%.
Mas isto foi
apenas num voo de longa distância convencional, e não numa jornada de cinco
dias. E foi o dobro dos 20 minutos por cochilo que pilotos da Solar Impulse
terão.
Alternância
Uma equipe
britânica que planeja cruzar o Atlântico neste ano - a British Ocean Reunion -
usará um sistema de alternância, no qual uma pessoa dorme por duas horas
enquanto outra assume o controle. Segundo Morgan, este é um período
"melhor" de descanso.
Ele compara
a situação do piloto com a de médicos júniores que tinham quartos em hospitais,
mas eram mantidos de plantão para atender pacientes por 48 horas.
"Eles
se sentiam totalmente miseráveis", diz. "Somando-se a quantidade de
sono que eles tinham, poderia ser algo respeitável, digamos, cinco ou seis
horas. O problema é que isso era obtido juntando quantidades de 10 ou 20
minutos."
O 'sono em
pedaços' não é novidade. Ellen MacArthur, que tornou-se a primeira mulher a
velejar sozinha pelo mundo em 2000, dormiu cerca de cinco horas e meia por dia,
formadas pelo que chamou de "fatias de cerca de 20, 40 ou 70
minutos."
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