Pasquale
Scotti era braço direito de líder da Nuova Camorra Organizzata.
No Brasil,
ele era dono de empresa de fogos de artifício e de imobiliária.
O diretor da
Interpol na Itália, Genaro Capulongo, afirmou que a prisão de Pasquale Scotti
nesta terça-feira (26) no Brasil é uma das operações mais importantes já
realizadas pelo órgão. "Scotti é considerado um dos mais perigosos
foragidos italianos que ainda não tinha sido preso", declarou. O mafioso
foi detido às 7h desta terça em Recife (PE) por uma equipe da Polícia Federal e
não resistiu à prisão.
O mafioso
italiano foi condenado em 2005 à prisão perpétua pela morte de 26 pessoas, mas
estava desaparecido desde dezembro de 1984, quando fugiu da cadeia após ser
detido por ligação com a máfia. Ele tem ainda condenações em 1991 por porte
ilegal de arma de fogo, resistência, extorsão e vários homicídios, cometidos
entre 1980 e 1983.
Dados da PF
apontam que o mafioso chegou no Brasil em 1986, onde se casou e teve dois
filhos. Ele se apresentava como Francisco de Castro Visconti, se dizia
empresário e tinha CPF e título de eleitor ilegais. O homem comandava uma
empresa de fogos de artifício e de corretagem de imóveis.
A
identificação dele aconteceu por meio da comparação de impressões digitais. À
PF, ele disse que a família brasileira não sabia de sua identidade real e que
resolveu fugir para não ser morto.
Os policiais
identificaram os endereços onde ele poderia morar e até o colégio dos filhos,
de 10 e 12 anos. O pedido de prisão foi feito pelos delegados federais da
Interpol e autorizado pelo Supremo Tribunal Federal em menos de 24 horas.
Chefe da
Interpol no Brasil, o delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza Junior disse
que a confirmação das informações só ocorreu na semana passada. "É a
prisão mais importante, não só deste grupo, mas da história da Interpol no
Brasil."
"Ele
não ostentava riqueza, era uma pessoa que buscava se resguardar bastante. Não
se apresentava muito em público e fazia questão de manter vida reservada",
declarou o delegado.
No início da
tarde, Pasquale deixou a superintendência da Polícia Federal em Recife e foi
levado ao Instituto Médico Legal da capital pernambucana para exame de corpo de
delito.
Ação na
máfia
Segundo o
diretor da Interpol na Itália, Genaro Capulongo, Scotti era o braço direito de
Rafaelle Cutolo, fundador e líder da Nuova Camorra Organizzata. Ele teria tanto
participado quanto ordenado os 26 assassinatos pelos quais foi condenado.
O delegado
da PF Valdecy afirmou que o homem aparentemente passou por cirurgias estéticas.
"Ele disse em depoimento que fazia questão de esquecer do passado dele, que
Pasquale Scotti não existia mais para ele, apenas Francisco de Castro."
A Polícia
Federal investiga se as empresas comandadas por Scotti no Brasil eram usadas
para lavar dinheiro. A apuração apontou haver indícios de que ele recebia
dinheiro de instituições italianas.
O mafioso
segue preso no prédio da superintendência em Recife. As autoridades italianas
darão início ao processo de extradição dele para a Itália.
Scotti é o
15º estrangeiro preso pela Interpol no país neste ano. "Queremos deixar
bem claro que o Brasil não é uma opção de refúgio tranquila."
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