Afirmação
foi feita na CPI da Petrobras, em Curitiba, nesta segunda (11).
O doleiro
Alberto Youssef confirmou que ele acredita que o alto escalão do governo sabia
do esquema de corrupção na estatal. A confirmação de Youssef foi feita após o
deputado Bruno Covas (PSDB-SP) ler depoimento de delação premiada do doleiro,
em que ele citava políticos que, segundo o próprio Youssef, tinham conhecimento
das irregularidades.
Na lista do
depoimento prévio de Youssef, o deputado leu os nomes do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, da presidente Dilma Rousseff e dos ex-ministros Antonio
Palocci, Gleisi Hoffmann, José Dirceu, Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e
Edison Lobão. Após a leitura dos nomes, Covas perguntou se Youssef confirmava
se, na opinião dele, essas pessoas tinham conhecimento do esquema.
“Confirmo e
digo que isso é no meu entendimento", afirmou o doleiro.
Gleisi,
Palocci, Lobão e Dirceu já haviam negado envolvimento com o esquema delatado
por Youssef. Eles são investigados em inquérito do Supremo Tribunal Federal
sobre as denúncias na Petrobras.
O
ex-ministro Gilberto Carvalho disse que nega "veementemente" qualquer
declaração de Youssef nesta manhã. Ideli Salvatt também negou as declarações e
disse que está a disposição da Justiça para prestar esclarecimentos.
Na sessão da
CPI, o deputado Covas perguntou ainda se, na avaliação de Youssef, havia uma
coordenação por parte do governo no esquema da Petrobras. "Não digo que
havia uma coordenação. Mas acredito que eles tinham conhecimento, no meu
entendimento, do que aconteceu", respondeu.
O doleiro
foi interrogado por deputados federais na CPI da Petrobras no auditório do
prédio da Justiça Federal, na capital paranaense. Além dele, outros
investigados na Operação Lava Jato, presos na Região de Curitiba, serão
ouvidos.
O delator também
afirmou aos deputados que conheceu Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT), mas que
nunca operou diretamente com ele. "Fiz uma operação com determinada
empresa, que disse que esse dinheiro seria para o Vaccari". Ele ainda
disse que Vaccari o procurou em seu escritório em 2014, mas eles não chegaram a
se encontrar.
Youssef
confirmou que repassou R$ 1 milhão à campanha de Gleisi Hoffmann (PT-PR) em
2010 e que esses recursos vieram de contratos com empreiteiras. Ele disse, mais
uma vez, que a entrega do dinheiro foi feita em Curitiba. A senadora já tinha
negado o fato anteriormente, inclusive em depoimento à PF no mês de abril.
Já quanto ao
pedido do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci para que Youssef captasse
dinheiro para a campanha de Dilma de 2010, o doleiro negou. "Não conheço
Antônio Palocci e ele nunca me fez nenhum pedido para que eu angariasse
dinheiro para a campanha de Dilma em 2010. E eu creio que Paulo Roberto esteja
equivocado com referência a esse assunto", diz Youssef.
Apesar de
ser apontado pelas investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério
Público Federal (MPF) como o cabeça do esquema, Youssef garantiu que nunca
esteve na sede da Petrobras.
Ele também
disse que, entre os funcionários e diretores da Petrobras, encontrou
pessoalmente apenas Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Refino e Abastecimento.
CPI da
Petrobras
Os
operadores Fernando Soares (conhecido como Fernando Baiano), Mário Góes e
Guilherme Esteves, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, a doleira Iara
Galdino e o empresário Adir Assad devem prestar depoimento ainda nesta segunda.
O delegado da Polícia Federal Gerson Machado, chamado para "colaborar com
as investigações" da CPI, também deve ser ouvido ao longo do dia.
Na
terça-feira (12), estão marcados os depoimentos da doleira Nelma Kodama, do
operador René Luiz Pereira, dos ex-deputados Luiz Argôlo (SD-BA), André Vargas
(sem partido-PR) e Pedro Corrêa (PP-PE) e, por fim, do doleiro Carlos Habib
Chater, dono do posto de gasolina em Brasília que deu nome à operação da Polícia
Federal.
Se
necessário, as oitivas podem se estender até quarta (13).
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