Jerson
Kelman participou de audiência na Câmara Municipal de SP.
Diretor diz
que não está 'contando com a boa vontade de São Pedro'.
O presidente
da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), Jerson
Kelman, descartou a possibilidade de rodízio de água neste ano em São Paulo
devido a crise hídrica e disse que a companhia não está contando com a boa
vontade de São Pedro.
A declaração
foi dada na manhã desta quarta-feira (13) na CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) da Sabesp na Câmara Municipal.
“Nós não
temos nenhuma previsão de implantar rodízio em 2015, porque diferentemente do
que acontecia há um ano atrás, hoje nós temos opção de diminuir a retirada de
água do Cantareira”, justificou ele.
Segundo
Kelman, a Sabesp não está contando com a "ajuda de São Pedro" para
evitar o racionamento.
“Nós
imaginamos que São Pedro vai nos castigar mais ainda. Portanto, ninguém está
contando com a boa vontade de São Pedro, ao contrário. E se São Pedro se
comportar de uma forma camarada, é só bônus, só vantagem”, declarou ele, que
alegou que tem visão conservadora ao dizer que a vazão de água deste ano será
equivalente a 80% a vazão do ano passado.
Mesmo
descartando o rodízio, ele mencionou que a “situação é igual nuvem, sempre
muda” e que as autoridades devem estar preparadas para todos os cenários. No
entanto, não mencionou quais seriam as medidas de contingência que a empresa
colocaria em ação.
Questionado
qual o gatilho para o início de racionamento, ele não responde aos vereadores.
“É multidimensional, digamos assim”, disse o ser indagado sobre probabilidades
matemáticas.
Ele
ressaltou que o gatilho não leva em conta apenas a quantidade de água
armazenada nos reservatórios, mas também considera a previsão de afluências
meteorológicas, com as chuvas, e de vazão. “Se as afluências forem piores que
do ano passado nossas hipóteses são extremamente conservadoras, no sentido
pessimistas. Nós fazemos uma previsão que nossas afluências serão 80% do ano
passado.”
Reajuste
Sobre o
aumento de tarifa nas contas da Sabesp que foi 15,24%, sendo que houve outro
reajuste há menos de 6 meses de 6,5%, Kelman disse que era necessário devido a
mudança de cenário econômico e de falta do produto comercializado, a água.
“É bom
recordar que não é a Sabesp quem determina o nível do reajuste. São Paulo tem
uma agência reguladora que é a Arsesp”, justificou. Segundo ele, os reajustes
ocorrem a cada 4 anos baseados na receita da empresa e potencial de
investimento, e anualmente com a correção da inflação. No entanto, há casos em
que a empresa pode pedir um novo aumento, como ocorreu neste ano. “Pode
ocorrer, excepcionalmente, uma correção tarifária extraordinária.”
De acordo
com o presidente da Sabesp, a alteração da previsão sobre gastos com a tarifa
elétrica em 2012 e a seca alteraram os custos. “Havia uma previsão do cenário
da energia elétrica que não se materializou”, disse. “Ninguém previu e nem
poderia prever a seca que ocorreu em 2014”, completou.
Além disso,
ele ressaltou que o aumento no valor da conta não tem relação com o bônus
concedido aos clientes e menor arrecadação de tarifa.
Dividendos
A Sabesp é
uma empresa de capital aberto, com ações majoritárias do governo do estado. No
ano passado, a empresa causou polêmica ao distribuir o lucro entre seus
acionistas em meio à crise hídrica.
Kelman diz
que é favorável à distribuição dos dividendos e que o procedimento será
repetido neste ano, pois é uma exigência legal. “A distribuição de dividendos
não é uma legislação da Bolsa de Nova York, é uma legislação brasileira.
Estaríamos cometendo um crime se não seguirmos a lei.”
Para o
presidente da Sabesp, a empresa distribui apenas o mínimo exigido por lei. “Ela
não tem distribuído investimentos a não ser o mínimo legal, que é 25% do total
dos lucros entre os acionistas”, argumentou. “A remuneração será a mesma, o que
acrescentará R$ 6 mil mensais aos salários dos diretores”, declarou.
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