terça-feira, 12 de maio de 2015

EUA e Cuba podem ter embaixadores depois de 29 de maio, diz Raúl Castro


Havana deve sair da lista dos EUA de patrocinadores de terrorismo.
Quando isso ocorrer, embaixadores podem ser designados, segundo cubano.
O presidente cubano, Raúl Castro, afirmou nesta terça-feira (12) que o diálogo com os Estados Unidos vai bem, razão pela qual os dois países poderão designar embaixadores entre si depois que Washington retirar Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo, em 29 de maio.
"Em 45 dias, completados no dia 29 de maio, será levantada (...) esta acusação e poderemos ter, nomear os embaixadores", destacou Castro, em alusão ao prazo legal que deve ser cumprido nos Estados Unidos para eliminar Cuba desta lista, como informa a agência AFP.
"Vai bem a coisa (com os EUA), claro que ao nosso ritmo, que muitos questionam e criticam que estamos muito lentos. E para que temos que correr, para cometer erros?", disse Castro a jornalistas, ao ser perguntado sobre o andamento das conversas bilaterais para o restabelecimento de vínculos diplomáticos, segundo nota da agência espanhola EFE.
"Estendemos relações, mas normalizar relações já é outra coisa", acrescentou o líder cubano, insistindo que, para chegar à fase de normalização, "é preciso eliminar o bloqueio completo, e a base de Guantánamo deve ser devolvida".
Lista do terrorismo
O presidente Barack Obama decidiu iniciar formalmente o processo para tirar Cuba da lista de países patrocinadores de terrorismo no mês passado. Ele enviou ao Congresso norte-americano um informe em que ressaltou sua "intenção de remover" Cuba dessa relação.
Em uma breve carta de apenas quatro parágrafos, Obama disse ao Congresso que poderia provar que "o governo de Cuba não proporcionou apoio ao terrorismo internacional nos últimos seis meses".
Além disso, o presidente indicou na carta que "o governo de Cuba deu garantias de que não vai apoiar atos de terrorismo internacional no futuro."
O Congresso norte-americano tem um período de 45 dias (contando a partir de 14 de abril) para decidir se vai bloquear a medida. Para impedir a retirada de Cuba da lista, senadores e representantes teriam de criar uma lei à prova de veto declarando que Cuba continua uma nação patrocinadora de terrorismo. Segundo a rede ABC News, é improvável que haja votos para que isso ocorra.
Treinamento de dissidentes
As declarações de Castro à imprensa foram dadas no aeroporto internacional de Havana, onde ele se despediu do presidente da França, François Hollande, que nesta segunda (11) fez uma histórica visita oficial à ilha.
Sobre a abertura de embaixadas em Washington e Havana, o chefe de Estado cubano lembrou que há detalhes pendentes e que foi o governo de Ronald Reagan que impôs limites ao deslocamento dos funcionários do governo cubano à capital americana e a Nova York.
Castro disse que se preocupa com o treinamento "ilegal" para dissidentes na missão diplomática dos Estados Unidos em Havana, uma questão abordada com Obama, nas conversas sobre a restauração dos laços diplomáticos. "O que eu disse a eles (EUA), concretamente ao presidente, o que mais me preocupa é que eles continuam fazendo coisas ilegais... por exemplo, graduando jornalistas independentes", afirmou, segundo nota da agência Reuters.
"Eles dão não sei quantas aulas para eles, por telas, em teleconferência dos Estados Unidos. Não sei se eles entregam um diploma e, é claro, eles fazem o pagamento mensal correspondente", acrescentou Raúl.

As embaixadas existentes atualmente em Havana e Washington foram rebaixadas para seções de interesse e serão novamente certificadas como embaixadas, quando os laços diplomáticos forem restabelecidos.

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