Moradora da
Ladeira da Montanha ficou presa nos escombros nesta manhã.
Ela é a 21ª
pessoa que morre no período de chuvas na capital baiana.
A moradora
que estava soterrada depois do deslizamento de terra na Ladeira da Montanha, no
bairro do Comércio, em Salvador, foi encontrada morta pouco depois das 9h desta
quarta-feira (20), de acordo com o Samu. O corpo de Claudenice Santos
Gonçalves, de 51 anos, só foi retirado dos escombros por volta das 11h20. Após
o resgate, os profissionais da equipe de salvamento se uniram e fizeram uma
oração em homenagem à vítima.
Claudenice
era procurada desde por volta das 7h, quando ocorreu a queda da encosta. Vinte
e uma pessoas já morreram nesse período de chuvas, desde o final do mês de
abril, na capital baiana.
"Ela
foi encontrada morta por mim, pela equipe do Samu e pelo Corpo de
Bombeiros", informou o médico do Samu, Felipe Guimarães.
A vítima
estava no banheiro, e foi a única da casa que não conseguiu escapar, disseram
parentes e amigos. Pelo menos oito casarões foram diretamente atingidos pela
encosta, de acordo com a Defesa Civil de Salvador (Codesal), mas outras casas
também foram condenadas.
"Quando
houve o barulho, uma parede do banheiro caiu. Os filhos saíram correndo para
tentar sair. Uma das filhas estava no banheiro e a mãe voltou para socorrer a
filha, quando outra parede caiu. A filha conseguiu se salvar e a mãe foi
atingida. Ela está chorando muito, desconsolada", afirmou Anita Santos,
amiga da filha de 25 anos.
Edson de
Souza, que mora na casa ao lado, disse que, na hora do desabamento, começou a
avisar aos vizinhos, mas que a moradora tinha entrado no banheiro e não
conseguiu sair a tempo.
A Codesal
informou que, das oito casas, uma foi totalmente destruída, que foi a da
vítima, e duas foram interditadas, sendo os moradores retirados.
Segundo
Rodrigo Hita, superintendente da Defesa Civil da Bahia, não há informação se a
área, que agora está condenada, já estava no plano de ação de prevenção de
tragédias da prefeitura da cidade.
Conforme
Juliana Portela, diretora de políticas sociais da Secretaria de Promoção
Social, Esporte e Combate à Pobreza (Semps), cerca de 30 famílias foram
cadastradas para recebimento da assistênicia, após as perdas enfrentadas com o
desabamento desta quarta-feira.
Somente
nesta quarta, foram registrados 84 ocorrências na cidade. Dentre elas, um
alagamento de área, 10 alagamentos de imóvel, 10 ameaças de desabamentos de
imóvel, seis ameaças de deslizamento de terra, três árvores caídas, sete
avaliações de imóvel alagado, três desabamentos de imóvel, seis desabamentos de
muro, três desabamentos parciais, 27 deslizamentos de terra, um destelhamento,
um galho de árvore caído e seis infiltrações.
De acordo
com a Codesal, o bairro da Boca do Rio tem o maior número de chamados de
emergência. Moradores podem comunicar as ocorrências no plantão do órgão, que
atende em esquema de plantão, por 24 horas.
Lagoa
transborda
As chuvas
foram frequentes durante toda a madrugada e persistem na manhã desta
quarta-feira. Ao menos três árvores caíram. Uma lagoa transbordou e deixa o
trânsito complicado na Avenida Paralela.
Segundo o
Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão é de tempo chuvoso
durante toda a quarta-feira. A temperatura na capital deve variar entre 23ºC e
27ºC.
De acordo
com o metereologista Heráclio Alves, do Instituto do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (Inema), a chuva que atinge Salvador é provocada por frente fria que
saiu do sul do país e que passa pelo litoral do sudeste em direção ao oceano,
intensificando ventos e trazendo umidade para o recôncavo baiano e o litoral
sul do estado.
A Semps diz
que cadastrou 1.424 pessoas para recebimento de assistência, após as perdas
enfrentadas com o período de chuvas das últimas semanas.
De acordo
com a prefeitura, as pessoas cadastradas têm acesso a benefícios financeiros
como o auxílio emergência, que atendeu 195 cidadãos concedendo valor de até
três salários mínimos; e o Aluguel Social, que foi entregue a 1.229
desabrigados no valor de R$ 300.
21 mortes em
três semanas
Eram 20
mortes registradas em Salvador, até o início da manhã desta quarta, após três
semanas de intensas chuvas. Com a moradora da Ladeira, o número de mortes subiu
para 21. Quatro regiões da capital concentram as tragédias: Barro Branco, no
bairro de San Martin; Marotinho, em Bom Juá;
região da Nilo Peçanha, na Liberdade; e Ladeira da Preguiça, ligação
entre o Comércio e a Cidade Alta.
No dia 28 de
abril, 11 vítimas morreram soterradas na região de Barro Branco, no bairro de
San Martin. No mesmo dia, outras quatro pessoas também foram resgatadas sem
vida debaixo da terra que deslizou na região do Marotinho, no bairro de Bom
Juá.
Quase duas
semanas depois, no dia 10 de maio, uma nova tragédia causou quatro mortes na
região da Rua Nilo Peçanha, no bairro da Liberdade. Um deslizamento de terra
provocou as mortes de um idoso de 64 anos e outras três pessoas da mesma
família: mulher, irmão e filho.
Sem dar
tréguas, com as chuvas, um casarão desabou na Ladeira da Preguiça, ligação
entre as Cidades Baixa e Alta, na manhã de segunda (11). Uma das paredes do
imóvel caiu sobre duas casas. Em uma delas, dois irmãos dormiam - um deles
sofreu ferimentos leves e sobreviveu; outro ficou debaixo dos escombros e
morreu após parada cardiorrespiratória.
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