Primeiro-ministro
chinês foi recebido por Dilma Rousseff no Planalto.
Acordos
envolvem US$ 53 bi, sendo ao menos US$ 7 bi com Petrobras.
Representantes
dos governos do Brasil e da China assinaram nesta terça-feira (19), durante
cerimônia em Brasília, 35 acordos de cooperação em oito áreas que envolvem
investimentos de US$ 53 bilhões. Só com a Petrobras, foram assinados três atos
de cooperação de ao menos US$ 7 bilhões. A presidente Dilma Rousseff e o
primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, acompanharam o evento, depois de uma
reunião entre os dois no Palácio do Planalto.
Li Keqiang chegou
ao Brasil nesta segunda (18). Ainda nesta terça, ele se encontrará com os
presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Na quarta (20) e na quinta (21), Keqiang terá compromissos no Rio de
Janeiro.
Entre as
áreas que serão beneficiadas com os acordos anunciados nesta terça, estão
planejamento estratégico, infraestrutura, transporte, agricultura e energia.
Também
haverá cooperação entre os países nas áreas de mineração, ciência e tecnologia
e comércio.
Petrobras
Entre os
acordos, há três com participação da Petrobras, que somam ao menos US$ 7
bilhões, segundo a Presidência da República. Um deles prevê cooperação para
financiamento de projetos da estatal no valor de US$ 5 bilhões. O presidente da
petroleira, Aldemir Bendine, assinou o acordo com o presidente do Conselho do
Banco de Desenvolvimento da China, Hu Huaibang.
Outro
acordo, no valor de US$ 2 bilhões, assinado por Bendine e pelo presidente da
companhia chinesa Cexim, também prevê acordo de cooperação para financiamento
de projetos da companhia brasileira.
O terceiro
acordo não teve o valor divulgado. Assinado por Bendine e pelo presidente do
Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), Yi Huiman, o ato prevê cooperação
para o estabelecimento de “relacionamento a longo prazo” entre as instituições.
Dos 35
acordos entre os dois países, outro de destaque é o ato para cooperação na
elaboração de estudos de viabilidade do projeto ferroviário transcontinental,
que prevê uma ferrovia ligando o litoral do Brasil ao Peru.
Outros
acordos preveem também instalação do complexo metalúrgico do Maranhão;
financiamento para a compra de 40 aeronaves da Embraer pela China; cooperação
na área de tecnologia nuclear; e criação do polo automotivo de Jacareí (SP).
Além desses,
os atos bilaterais assinados entre Brasil e China preveem o treinamento em
tecnologia da informação, na China, de bolsistas do programa Ciência Sem
Fronteiras; e financiamento de 14 navios de minério de ferro com capacidade
para 400 mil toneladas.
Além disso,
um acordo prevê cooperação entre o governo do Mato Grosso do Sul, o Banco de
Desenvolvimento da China e o Grupo China BBCA sobre o processamento de milho e
soja. Outros acordos prevem cooperação científica e “relacionamento de longo
prazo” entre a Petrobras e a chinesa ICBC.
Na
cerimônia, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e o ministro da
Administração Geral e Supervisão de Qualidade da China, Zhi Shuping, assinaram
também protocolo de requisito de saúde e quarentena sobre a exportação da carne
bovina do Brasil ao país asiático.
Desta forma,
explicou o Ministério da Agricultura, oito frigoríficos de produção de carne
bovina brasileiros passarão a exportar carne para o país asiático.
Encontro
Em
pronunciamento à imprensa após se reunir com o premiê chinês, Dilma afirmou que
os dois países devem “aperfeiçoar” as relações econômicas e buscar “maior
harmonia, respeito e benefícios mútuos”. A chefe de Estado brasileira disse ter
“certeza” de que Brasil e China “trilham este caminho”.
Em uma fala
que durou pouco mais de 15 minutos, a presidente afirmou que, na reunião, ela e
Li Keqiang falaram em propor na próxima reunião do G-20 a reforma de
instituições financeiras internacionais como o Fundo Monetário Internacional
(FMI) e o Banco Mundial, “que não refletem ainda em sua governança o peso dos
países emergentes.”
Dilma
enalteceu alguns dos acordos assinados nesta terça e citou o que criará um
fundo de US$ 50 bilhões para financiamento de projetos de infraestrutura no
Brasil, assinado entre a Caixa Econômica Federal e o Bando Industrial e
Comercial da China.
A presidente
disse “celebrar” o acordo firmado entre os bancos de Desenvolvimetno e de
Comércio da China com a Petrobras para garantir crédito de US$ 10 bilhões.
“E o plano
de ação conjunta 2015-2021 que assinei com o primeiro-ministro inaugura uma
etapa superior em nosso relacionamento, que está expresso nos acordos, nos
múltiplos acordos governamentais e empresariais firmados hoje [terça], em
especial nas áreas de investimentos e comércio”, declarou Dilma.
Encontro
empresarial
Após as
reuniões e cerimônias no Palácio do Planalto, Dilma e Li Keqiang seguiram para
o Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. No local,
eles discursaram no evento de encerramento do Encontro Empresarial
Brasil-China. Depois, a presidente ofereceu um almoço para a comitiva chinesa.
Dilma fez
discurso semelhante ao que havia feito no Planalto, e voltou a defender as
relações comerciais entre os dois países. Em sua fala, ela afirmou que os
investimentos do país asiático significam
“melhoria” da situação econômica do Brasil.
“Principalmente
neste momento de desaceleração da economia internacional, o comércio e os
investimentos recíprocos entre Brasil e China podem e vão significar uma
melhoria na nossa situação econômica”, afirmou.
Ao dizer que
o Brasil quer “consolidar” as relações com a China, a presidente afirmou que é
preciso “abrir novas áreas” para ampliar o fluxo comercial, por meio de investimentos em infraestrutura e
nas cadeias produtivas.
Em um
discurso que durou cerca de 15 minutos, Dilma afirmou que a ampliação do
comércio exigirá “empenho” dos dois países.
“O Brasil
precisa dar um salto nos investimentos em infraestrutura e também deve
continuar expandido toda a área de commodities. E quero destacar que a
ampliação e a diversificação da nossa pauta de exportadora passa pela
assinatura do protocolo sanitário que vai permitir a retomada das exportações
de carne bovina para a China”, completou.
Após almoço
com Li Keqiang no Itamaraty, Dilma fez novo discurso. Durante brinde, ela
afirmou que a visita do primeiro-ministro chinês mostra que o Brasil “cumpre
sua tarefa” na parceria com o país asiático. A presidente afirmou ainda que o
governo brasileiro tem se empenhado e os acordos assinados nesta terça são a
prova da “ambição” da agenda bilateral dos dois países.
Dilma
afirmou manter “constante interlocução” com a China em instâncias como
Organização das Nações Unidas (ONU) e Brics (grupo formado por Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul).
O Brasil tem
a China como principal parceiro comercial. Em 2014, as exportações para o país
asiático somaram US$ 40,6 bilhões, enquanto as importações chegaram a US$ 37,3
bilhões, resultando em um fluxo comercial de US$ 77,9 bilhões, segundo dados do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Entre
janeiro e abril deste ano, o comércio entre Brasil e China acumulou US$ 21,7
bilhões.
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