Detido na
Turquia, fotógrafo de guerra está a caminho do Brasil.
Gabriel
Chaim conta que em sua cela havia terroristas e crianças pequenas.
O fotógrafo
brasileiro Gabriel Chaim, que cobria a guerra da Síria e foi detido na
fronteira do país com a Turquia na última terça-feira (5), deixou a prisão onde
estava em Ancara na manhã desta terça-feira (12) e embarca nesta noite para o
Brasil.
Detido junto
com outros dois fotógrafos estrangeiros ao tentar cruzar ilegalmente a
fronteira entre a Síria e a Turquia, ele será deportado e deve chegar a São
Paulo na manhã de quarta-feira (13).
“Essa prisão
é para pessoas que tentam cruzar a fronteira. Tinha só uma cela feminina e
outra masculina, cada uma com cerca de 100 pessoas. Lá dentro tinha iraniano,
afegão, gente de toda a região”, disse.
“O pessoal
do Estado Islâmico ficava de um lado. Todo mundo tinha muito medo deles. Quando
eles iam fazer oração, cinco vezes por dia, todo mundo ficava em silêncio, a TV
era desligada. Foi um inferno”, completou.
Chaim diz
que foi levado à cela de madrugada, junto com o fotógrafo alemão que também foi
detido com ele. “Logo que entramos os outros presos quiseram saber de onde a
gente era e falaram para tomar cuidado, para não falar que tínhamos estado na
Síria porque tinha gente do EI lá dentro. Naquela hora eles estavam dormindo”,
diz.
Segundo o
fotógrafo, o fato de ele ser brasileiro contou a seu favor. “Os iranianos logo
nos puxaram para o lado deles para nos proteger. Eu já fui ao Irã, e também tem
o lance de times de futebol”, afirma.
O brasileiro
também contou que havia várias crianças junto com os adultos. “Eles detêm a
pessoa e colocam a família toda junto. As crianças de até 4 anos ficavam na ala
feminina. Tinha até bebês de colo. De 5 anos para cima ficavam na nossa. Tinha um
engenheiro que foi preso tentando fugir da Síria e que estava lá com os sete
filhos”, conta.
Segundo
Chaim, havia briga por comida dentro da cela. “A gente recebia só duas
alimentações por dia: dois pães velhos com manteiga no café da manhã e um
pouquinho de arroz frio com carne umas 5h da tarde”, conta.
Chaim
elogiou o tratamento recebido da Embaixada Brasileira no período, relatando que
o cônsul no país o visitou e deu assistência durante o processo.
O brasileiro
diz que agora só quer deixar a Turquia e que a detenção deixou "mais
forte". "Isso tudo me deixa com mais vontade de seguir em frente, de
continuar o meu trabalho, de mostrar a vida dessas pessoas que estão presas em
seu próprio território”, afirma.
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