sexta-feira, 22 de maio de 2015

Oposição critica corte no Orçamento; Para base, não houve surpresa

Líder do DEM disse que é 'afronta' governo manter R$ 30 bi para Olimpíadas.
Relator-geral do Orçamento avaliou que corte foi 'dentro do esperado'.
O corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento de 2015 anunciado nesta sexta-feira (22) pelo governo federal gerou críticas por parte da oposição, que reclamou dos critérios utilizados pelo Executivo para ajustar as contas públicas. Na avaliação do líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), o governo deveria ter cortado os investimentos previstos para a Olímpiada do Rio, em 2016, em vez de reduzir em quase R$ 10 bilhões os repasses para o Ministério da Educação. Já integrantes da base governista avaliaram que o tamanho do corte orçamentário não surpreendeu. "O corte foi dentro do esperado, dentro do script que estava previsto", ponderou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator-geral do Orçamento deste ano.
Leia abaixo o que disseram deputados e senadores sobre o corte no Orçamento:
Aécio Neves (MG), senador e presidente nacional do PSDB, por meio de nota:
Cai em definitivo a máscara do governo do PT e o país conhece o pacote de medidas impopulares contra o povo brasileiro. Aumento de impostos, cortes de direitos trabalhistas e dos investimentos, incluindo os recursos fundamentais para a saúde e a educação. Os cortes orçamentários anunciados esta tarde são mais uma face do arrocho recessivo promovido pelo PT em prejuízo da população brasileira. Primeiro veio a diminuição dos direitos trabalhistas e de benefícios previdenciários, em parte já aprovados pelo PT e a base aliada no Congresso, com oposição coesa do PSDB. Agora a tesoura do governo Dilma Rousseff compromete os investimentos públicos, prejudicando um dos motores que poderia ajudar a impulsionar a economia no momento em que o país necessita desesperadamente retomar o desenvolvimento.
Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado:
[O corte] veio dentro do que era esperado. A presidenta caracterizou bem que o bloqueio não seria pequeno demais para não prejudicar o equilíbrio das contas públicas e também não seria grande demais de forma que paralisasse as políticas sociais e os programas essenciais do governo. Veio mais ou menos dentro do que estava esperando. Teve a manutenção integral do Bolsa Família. Na Saúde, apesar de ter vindo corte, a maior parte é nas emendas, e ficou R$ 3 bilhões acima do mínimo previsto. No caso da educação, que teve um corte maior, são R$ 15 bilhões acima do mínimo que deveria ser gasto. Ou seja, há essa preservação das políticas públicas. Em outras áreas, o governo está dizendo claramente que vai manter as obras que já estão em andamento. Logicamente, que não é bom você não ter o orçamento previsto, mas, dos males, foi o menor.
Jorge Viana (PT-AC), senador e relator da área de Saúde do Orçamento de 2015:
Contingenciamento não é eliminação geral de gastos, nem corte absoluto de programas. É um sinal de que o governo vai ser muito rígido, sinal concreto que vai assumir postura de fazer sacrifícios. É melhor que tenha nesse primeiro ano de segundo mandato e que tenha melhora durante os outros anos, porque a presidente só vai ser avaliada pelo seu governo no quarto ano. […] Foi o maior corte, porque o quando Lula começou a governar o PIB era de R$ 500 bilhões. Agora, é de R$ 2,3 trilhões. Tinha setores que apostavam em [congelamento de] R$ 80 bilhões. É um número que não surpreende ninguém. Eu prefiro ver que com esse corte, temos sinal que o governo vai ser mais austero. E o governo está preparando uma melhora na economia, com concessões, chamamento da iniciativa privada, para que se retome investimentos em grandes áreas, como portos, aeroportos e ferrovias.
José Agripino (RN), senador e presidente nacional do DEM, por meio de nota:
O anúncio dos cortes é o retrato em números da situação imposta à economia por um governo obstinado por uma reeleição. Anunciam cortes de 25% nos investimentos e ousam dizer que, para poupar custeio, ainda vão preparar decreto de limitação de gastos. Uma preocupação que se acrescenta: por trás da ausência do ministro [Joaquim] Levy no anúncio dos cortes deve estar a disputa PT versus PT.”
Romero Jucá (PMDB-RR), senador e relator-geral do Orçamento de 2015:
O corte foi dentro do esperado, dentro do script que estava previsto, tendo em vista o esforço fiscal que o governo anunciou. Mas não é um corte, é um contingenciamento, porque você congela o Orçamento, aguardando as receitas, aguardando a postura de como a economia vai se comportar. Todo ano o governo faz contingenciamento de R$ 45 bilhões. Esse ano foi mais porque o problema é maior. O jogo está começando. Tem espaço para negociar na frente, para ajustar a economia, para discutir outras questões macroeconômicas. Vamos aguardar um pouco.
Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado:
É um governo que realmente não mede as consequências para, cada vez mais, desafiar e afrontar a população. O governo da presidente Dilma cortou R$ 9,4 bilhões para a educação, mais de R$ 11 bilhões na saúde e manteve R$ 30 bilhões para as Olimpíadas. É um contrassenso completo. Era melhor o Brasil se desculpar publicamente com o mundo por não ter condição de realizar o evento. Nada mais correto do que fazer isso em um tempo de crise. O mundo inteiro entenderia. O Brasil não está à altura de arcar com essa despesa [com as Olimpíadas] já que teve de cortar despesas de programas sociais, da saúde e da educação. É uma inconsequência ímpar e uma visão totalmente desconfortável para o governo, que resolveu assumir o compromisso de manter os jogos olímpicos para não contrariar, certamente, os seus financiadores eleitorais.


Nenhum comentário:

Postar um comentário