Líder do DEM
disse que é 'afronta' governo manter R$ 30 bi para Olimpíadas.
Relator-geral
do Orçamento avaliou que corte foi 'dentro do esperado'.
O corte de
R$ 69,9 bilhões no Orçamento de 2015 anunciado nesta sexta-feira (22) pelo
governo federal gerou críticas por parte da oposição, que reclamou dos
critérios utilizados pelo Executivo para ajustar as contas públicas. Na
avaliação do líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), o governo deveria ter
cortado os investimentos previstos para a Olímpiada do Rio, em 2016, em vez de
reduzir em quase R$ 10 bilhões os repasses para o Ministério da Educação. Já
integrantes da base governista avaliaram que o tamanho do corte orçamentário
não surpreendeu. "O corte foi dentro do esperado, dentro do script que
estava previsto", ponderou o senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator-geral
do Orçamento deste ano.
Leia abaixo
o que disseram deputados e senadores sobre o corte no Orçamento:
Aécio Neves
(MG), senador e presidente nacional do PSDB, por meio de nota:
Cai em
definitivo a máscara do governo do PT e o país conhece o pacote de medidas
impopulares contra o povo brasileiro. Aumento de impostos, cortes de direitos
trabalhistas e dos investimentos, incluindo os recursos fundamentais para a
saúde e a educação. Os cortes orçamentários anunciados esta tarde são mais uma
face do arrocho recessivo promovido pelo PT em prejuízo da população
brasileira. Primeiro veio a diminuição dos direitos trabalhistas e de
benefícios previdenciários, em parte já aprovados pelo PT e a base aliada no
Congresso, com oposição coesa do PSDB. Agora a tesoura do governo Dilma
Rousseff compromete os investimentos públicos, prejudicando um dos motores que
poderia ajudar a impulsionar a economia no momento em que o país necessita
desesperadamente retomar o desenvolvimento.
Humberto
Costa (PE), líder do PT no Senado:
[O corte] veio
dentro do que era esperado. A presidenta caracterizou bem que o bloqueio não
seria pequeno demais para não prejudicar o equilíbrio das contas públicas e
também não seria grande demais de forma que paralisasse as políticas sociais e
os programas essenciais do governo. Veio mais ou menos dentro do que estava
esperando. Teve a manutenção integral do Bolsa Família. Na Saúde, apesar de ter
vindo corte, a maior parte é nas emendas, e ficou R$ 3 bilhões acima do mínimo
previsto. No caso da educação, que teve um corte maior, são R$ 15 bilhões acima
do mínimo que deveria ser gasto. Ou seja, há essa preservação das políticas
públicas. Em outras áreas, o governo está dizendo claramente que vai manter as
obras que já estão em andamento. Logicamente, que não é bom você não ter o
orçamento previsto, mas, dos males, foi o menor.
Jorge Viana
(PT-AC), senador e relator da área de Saúde do Orçamento de 2015:
Contingenciamento
não é eliminação geral de gastos, nem corte absoluto de programas. É um sinal
de que o governo vai ser muito rígido, sinal concreto que vai assumir postura
de fazer sacrifícios. É melhor que tenha nesse primeiro ano de segundo mandato
e que tenha melhora durante os outros anos, porque a presidente só vai ser
avaliada pelo seu governo no quarto ano. […] Foi o maior corte, porque o quando
Lula começou a governar o PIB era de R$ 500 bilhões. Agora, é de R$ 2,3
trilhões. Tinha setores que apostavam em [congelamento de] R$ 80 bilhões. É um
número que não surpreende ninguém. Eu prefiro ver que com esse corte, temos
sinal que o governo vai ser mais austero. E o governo está preparando uma
melhora na economia, com concessões, chamamento da iniciativa privada, para que
se retome investimentos em grandes áreas, como portos, aeroportos e ferrovias.
José
Agripino (RN), senador e presidente nacional do DEM, por meio de nota:
O anúncio
dos cortes é o retrato em números da situação imposta à economia por um governo
obstinado por uma reeleição. Anunciam cortes de 25% nos investimentos e ousam
dizer que, para poupar custeio, ainda vão preparar decreto de limitação de
gastos. Uma preocupação que se acrescenta: por trás da ausência do ministro
[Joaquim] Levy no anúncio dos cortes deve estar a disputa PT versus PT.”
Romero Jucá
(PMDB-RR), senador e relator-geral do Orçamento de 2015:
O corte foi
dentro do esperado, dentro do script que estava previsto, tendo em vista o
esforço fiscal que o governo anunciou. Mas não é um corte, é um
contingenciamento, porque você congela o Orçamento, aguardando as receitas,
aguardando a postura de como a economia vai se comportar. Todo ano o governo
faz contingenciamento de R$ 45 bilhões. Esse ano foi mais porque o problema é
maior. O jogo está começando. Tem espaço para negociar na frente, para ajustar
a economia, para discutir outras questões macroeconômicas. Vamos aguardar um
pouco.
Ronaldo
Caiado (GO), líder do DEM no Senado:
É um governo
que realmente não mede as consequências para, cada vez mais, desafiar e
afrontar a população. O governo da presidente Dilma cortou R$ 9,4 bilhões para
a educação, mais de R$ 11 bilhões na saúde e manteve R$ 30 bilhões para as
Olimpíadas. É um contrassenso completo. Era melhor o Brasil se desculpar
publicamente com o mundo por não ter condição de realizar o evento. Nada mais
correto do que fazer isso em um tempo de crise. O mundo inteiro entenderia. O
Brasil não está à altura de arcar com essa despesa [com as Olimpíadas] já que
teve de cortar despesas de programas sociais, da saúde e da educação. É uma
inconsequência ímpar e uma visão totalmente desconfortável para o governo, que
resolveu assumir o compromisso de manter os jogos olímpicos para não
contrariar, certamente, os seus financiadores eleitorais.
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