As mazelas de uma explosão de grandes
proporções, como a que o correu em tanques de combustíveis da empresa
Ultracargo, no bairro de Alemoa, em Santos, na última quinta (2), têm grandes
chances de afetar a saúde da população local e causar óbvios danos ambientais.
Vão, portanto, além da luta dos bombeiros para apagar as chamas que mancham a
paisagem com uma fumaça densa e tóxica.
Até quem não tem problemas com doenças respiratórias pode
ser afetado por tosses e irritações na garganta, devido à inalação da fuligem e
da fumaça, nesta combustão que já dura seis dias, conforme afirmou ao AA o pneumologista Ciro Kirchenchtejn, do
Hospital Oswaldo Cruz.
Segundo ele, a proximidade dos moradores em
relação ao núcleo da explosão é determinante para avaliar o grau e o risco de
intoxicação de cada um. No caso dos vizinhos da empresa, alguns estão em um
raio de 400 m, distância que exige cautela da Defesa Civil.
Há dois riscos em casos assim. O de inalação
de gases voláteis e o de partículas. Essas substâncias são capazes de causar um
dano às vias aéreas, inclusive pela alta temperatura, e ainda provocar inalação
de substâncias que podem causar bronquite, sinusite, rinite, laringite,
vermelhidão nos olhos, no nariz e falta de ar.
Ele ressalta que é importante fazer uma
medição precisa das partículas e dos gases poluentes no entorno da explosão,
para se ter uma ideia exata das mazelas e dos riscos decorrentes da
explosão.
Neste momento é fundamental que as
autoridades tomem medidas para garantir a segurança e a saúde da população da
região.
Assustados com o cheiro forte provocado pela
mortandade de peixes dos rios da região e com o ar carregado de uma névoa
escura, muitos moradores deixaram suas casas.
Quanto mais perto do local da explosão,
maiores são os riscos. Dependendo da distância, há risco até de morte. Não sei
se as pessoas que estão lá correm este risco, não sei a distância exata. Mas se
alguém estiver sentindo o olho ardendo ou a garganta irritada, deve procurar
atendimento médico e avisar às autoridades.
Bombeiros continuam trabalhando para apagar
incêndio em Santos
Em relação à inalação de partículas, estas
podem ser, por exemplo, de enxofre. Trata-se, segundo o médico, da famosa
fuligem, que acaba encobrindo carros e casas com sua coloração escura. Ela pode
entupir vias aéreas, provocando falta de ar e outros sintomas.
Já as substâncias em estado gasoso, podem
ser, por exemplo, o monóxido de carbono e o metano. A inalação do monóxido
prejudica a oxigenação do sangue, afetando o cérebro e o coração, podendo até
levar ao estado de coma ou a uma parada cardíaca. Já a ingestão de metano é
bastante nociva, influenciando no sistema nervoso central.
Crianças e idosos também são os mais
vulneráveis a este tipo de poluição. Para o pneumologista Oliver Nascimento, da
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a queima destes combustíveis
fósseis (etanol, gasolina e diesel), incorporados à atmosfera de uma forma
abrupta gera prejuízos à saúde das pessoas no entorno, principalmente as de
organismo mais frágil.
A
consequência respiratória do aumento do poluente é significativa. Crianças e
idosos são afetados, assim como aqueles que já têm problemas respiratórios
crônicos, como asma e bronquite, que formam a população mais vulnerável.
Incêndio em Santos atinge cinco tanques nesta
sexta
Além da asma e da bronquite que, como a
rinite e outras doenças têm uma causa alérgica, os que sofrem de enfisema
pulmonar também são altamente prejudicados com estes poluentes, segundo
Nascimento. Trata-se de um incômodo respiratório crônico, cuja evolução é
gradativa, em geral, causado pelo fumo. O médico também não descarta o
risco de morte em casos mais graves.
Uma
exposição a um ar poluído pode causar (a morte). Nestas situações, são casos
mais graves, com alta sensibilidade a mudanças climáticas, que podem
desencadear crises agudas, levando à morte. Mas não se trata de algo tão comum.
O mais comum são problemas respiratórios.
O início do incêndio ocorreu em um tanque de
etanol e se espalhou para outras unidades de armazenamento de combustível, na
região do Porto de Santos, atingindo no pico um total de seis tanques, que
continham entre 5 milhões e 10 milhões de litros de gasolina, etanol e diesel.
A temperatura chegou a 800 ºC, enquanto as
chamas subiam a até 50 metros de altura, demandando o trabalho de 118
bombeiros, 140 funcionários da empresa, 27 veículos de combate a incêndio, com
a utilização de 40 mil litros de água por segundo, lançados para resfriar os
tanques. Até esta segunda-feira (6), dois deles continuavam em chamas.
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