Equipamento
usado em fisioterapia projeta quadriculado em 3D.
Óculos
estimulam que paciente use mecanismo mais consciente para andar.
No Hospital
das Clínicas de São Paulo (HC-FMUSP), um grupo de pacientes com mal de
Parkinson conseguiu avanços para voltar a andar com agilidade e segurança
graças ao uso de óculos de realidade virtual em sessões de fisioterapia.
O paciente
Pietro Azzolini, de 68 anos, já não se desequilibra ao andar na rua. Ele foi
diagnosticado com a doença há 12 anos. “Depois do tratamento, senti mais
firmeza e mais segurança para andar”, diz. “O Parkinson de modo geral não tem
cura, mas esse tipo de equipamento, que muita gente nem sabe que existe, pode
melhorar muito o desempenho das pessoas.”
Segundo a
fisioterapeuta Carolina Souza, do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP, os óculos são especialmente eficazes para
tratar um sintoma comum em pacientes com Parkinson em estágio 3 (ao todo, a
doença tem 5 estágios): o “freezing”, ou “congelamento”.
O
congelamento ocorre quando o paciente começa a andar com passos cada vez
menores até parar ou cair. Isso normalmente acontece logo quando ele começa a
andar, quando está diante de um obstáculo ou quando tem que mudar de direção.
Carolina
conta que, em um grupo de 18 pacientes graves, com doença em estágio 3 ou 4,
que começaram a treinar com os óculos na instituição, todos experimentaram uma
melhora da marcha e uma diminuição dos episódios de "freezing".
Caminho
cerebral alternativo
Quando está
usando os óculos, o paciente vê um caminho quadriculado em 3D. Um sensor de
movimento detecta quando o paciente começa a andar e o caminho quadriculado se
movimenta como uma esteira. A pessoa também ouve sons que ajudam a ritmar as
passadas. Ao coordenar os passos com o quadriculado virtual, o paciente
consegue mais equilíbrio.
A
fisioterapeuta explica que o Parkinson afeta a região do cérebro responsável
pelos movimentos automáticos, como o andar. O que os óculos fazem é estimular
que ele adote um caminho cerebral alternativo, mais consciente, para caminhar.
“Ele faz com
que o paciente consiga desenvolver outras vias cerebrais, que estão alteradas
por conta da doença, e com isso consegue ter uma marcha mais perto da
fisiológica”, diz o neurocirurgião Erich Fonoff, do Instituto de Psiquiatria do
HC-FMUSP.
Tratamentos
complementares
Não existe
nenhum tratamento definitivo para o Parkinson. Até hoje, o que a medicina
conseguiu foram várias estratégias que se complementam para inibir a progressão
da doença e dar uma qualidade de vida melhor aos pacientes.
O tratamento
com remédios visa basicamente à reposição da dopamina, hormônio que está em
falta em quem tem Parkinson, já que a doença leva à morte dos neurônios
dopaminérgicos. Há também um tratamento cirúrgico em que um eletrodo implantado
no cérebro promove estímulos elétricos que ajudam o paciente a ter maior
controle sobre seus movimentos.
Outra parte
essencial do tratamento de Parkinson é a fisioterapia. E é aí que entram os
óculos de realidade virtual.
Chamado
GaitAid, o equipamento foi desenvolvido por uma empresa israelense e custa no
Brasil cerca de R$ 15 mil. Depois de um treinamento apropriado, o paciente
poderia usá-lo em casa. Porém o valor ainda torna a tecnologia inacessível a
muitos pacientes. Segundo Carolina, o HC-FMUSP é uma das únicas instituições no
país a oferecer fisioterapia com o equipamento.
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