Agressão
aconteceu na terça-feira (5) em Rio Claro, SP, no horário de aula.
'Todos da
escola sabem como o garoto é perigoso, relata vítima de 36 anos.
“Quando
tenho aula, já entro na sala com medo. Todos da escola sabem como o garoto é
perigoso”. É assim que o professor Walter da Rocha e Silva de Rio Claro (SP)
descreve o aluno de 14 anos que o agrediu e quebrou seu nariz com um bloco de
concreto dentro da escola na terça-feira (5). Professor de química há 4 anos,
ele disse ao JMD nesta quarta-feira (6) que vai abandonar a profissão por falta
de segurança no trabalho e má remuneração.
O professor
de 36 anos deve passar por uma consulta ainda nesta quarta-feira para avaliar se
vai precisar de cirurgia. A agressão aconteceu durante a manhã de terça-feira
na da Escola Estadual João Baptista Negrão. Silva relatou que o adolescente
fazia bagunça na sala de aula e, após uma breve discussão entre ambos, o jovem
foi expulso do local e encaminhado à diretoria. O adolescente, entretanto,
retornou à sala para buscar o material.
“Assim que
ele saiu, eu, a diretora e a coordenadora o acompanhamos até a direção. Ele
estava na porta da diretoria e, quando me aproximei, fui acertado com o bloco
no nariz”, afirmou Walter.
O bloco
também acertou uma aluna que estava na secretaria. O menor fugiu da escola
antes da chegada da polícia, e o professor foi encaminhado ao pronto-socorro da
cidade, onde registrou um boletim de ocorrência. Ele teve ferimentos no rosto e
quebrou o nariz. Já a aluna não apresentou ferimentos.
Silva, que
trabalha há dois anos na escola e dá aulas de terça e quinta-feira, disse que
já sabia do histórico do estudante. De acordo com ele, outros professores já
tinham avisado sobre o perigo que o garoto apresentava, por ser violento e já ter tido problemas com a
polícia anteriormente.
Falta de
incentivo
Embora seja
a primeira agressão sofrida, Silva disse conhecer casos de agressão em outras
unidades de ensino. Ele disse que isso se deve ao fato de alunos serem
empurrados para a escola desde cedo, mesmo sem vontade de estudar. “A escola
virou um depósito de alunos. É uma cadeia que os estudantes ficam meio período.
Deveria ser assim: o aluno vai porque quer estudar. Se não quiser, não entra”,
afirmou.
O professor,
que está terminando a pós-graduação, disse ter a certeza de que vai largar a
profissão. “O professor sofre muito no trabalho, é mal remunerado, corre risco
e não tem proteção. Se fosse com a polícia, teriam como se defender, mas o que
o professor pode fazer? No máximo jogar um giz no aluno”, declarou.
Violência
A Diretoria
Regional de Ensino de Limeira afirmou, em nota, que repudia qualquer ato de
violência e lamentou o ocorrido na escola. "A direção da unidade prestou
todo atendimento ao professor e realiza o acompanhamento do docente. A Ronda
Escolar foi acionada e um boletim de ocorrência registrado", explicou.
O comunicado
também alega que as escolas contam com o sistema de proteção escolar, que busca
incentivar a participação dos responsáveis e da comunidade nas ações
preventivas à violência.
"Vale
ressaltar que já está agendada uma reunião do conselho escolar com os
responsáveis e o conselho tutelar para definir as punições ao estudante de
acordo com o regimento escolar. A direção da unidade de ensino está à
disposição para prestar quaisquer esclarecimentos", finalizou.
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