Em relação a
abril de 2014, queda foi de 3,5%, pior para o mês desde 2003.
Na
comparação mensal, é o terceiro mês consecutivo de resultado negativo.
As vendas do
comércio varejista brasileiro seguem em queda. Em abril, na comparação com
março, o indicador recuou 0,4%, segundo dados divulgados nesta terça-feira (16)
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação
mensal, é o terceiro mês consecutivo de resultado negativo.
Em relação a
abril de 2014, a queda foi de 3,5%, pior resultado para o mês desde 2003,
quando o recuo foi de 3,7%.
Em
comparação com março, também foi o pior abril desde 2003, quando a queda foi de
0,4%. No acumulado do ano, de janeiro a abril, a queda é de 1,5%.
“Claro que o
comércio está passando por dificuldade. O comércio vem refletindo a dificuldade
da economia, por preços que estão subindo, e a renda que está comprometida. [A
queda de] 3,5% [na comparação com abril de 2014] reflete mais o resultado do
comércio. Quando coloca ampliado [varejo mais veículos, motos e peças], a queda
é maior ainda por causa dos veículos que vêm em queda livre”, analisou Juliana
Vasconcellos, gerente de Serviços e Comércio do IBGE.
Segundo
Juliana, a última vez em que o comércio teve três quedas consecutivas foi em
2003: março, com recuo de 2,4%, abril, com -0,4%, e maio, também -0,4%.
“Abril [a
queda de 3,5% em comparação com 2014] é claramente a conjuntura. A renda está
caindo, o orçamento das famílias está comprometido, há restrição orçamentária
muito grande, crédito está caindo”, explica a gerente do IBGE.
“Apesar de a
Páscoa ter sido em abril, este ano as vendas foram concentradas em março porque
foi bem no início de abril”, complementa.
A
especialista do IBGE afirma que dois setores “estão sobrevivendo” ao momento de
queda do comércio. “Farmácias e os setores de equipamento e informática. No
comportamento deles, tem recuperação e tendência de subida”, afirma.
Atividades
Em abril, 7
das 10 atividades do estudo tiveram resultados negativos nas vendas:
combustíveis e lubrificantes (-0,1%), livros, jornais, revistas e papelaria
(-0,2%), material de construção (-1,2%), móveis e eletrodomésticos (-3,1%),
tecidos, vestuário e calçados (-3,8%), outros artigos de uso pessoal e
doméstico (-5,1%) e equipamentos e material para escritório, informática e
comunicação (-12,2%).
Por outro
lado, cresceram as vendas de veículos e motos, partes e peças (4,4%),
hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,9%) e
artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,3%).
Na
comparação entre abril deste ano e do ano passado, 6 das 8 atividades do
comércio varejista tiveram queda: móveis e eletrodomésticos (-16%),
hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,3%),
tecido, vestuário e calçados (-7,5%), combustíveis e lubrificantes (-2,1%),
outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,6%) e livros, jornais, revistas e
papelaria (-9,1%).
Por outro
lado, as atividades que exerceram impactos positivos na composição do resultado
do varejo foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e
cosméticos (6,2%) e equipamentos e material para escritório, informática e
comunicação (2,7%).
De acordo
com o IBGE, móveis e eletrodomésticos registraram o maior impacto negativo. No
acumulado do ano e dos últimos 12 meses, as taxas foram de -8,9% e -3,9%,
respectivamente. As razões seriam a retirada gradual dos incentivos, como
redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) direcionados à linha
branca, como refrigeradores e máquinas de lavar, redução da massa de rendimento
(-3,8% sobre abril de 2014, segundo a PME) e menor ritmo de crescimento do
crédito.
Veículos e
material de construção
No índice do
varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de
construção, em relação a abril de 2014, a queda nas vendas foi de 8,5%, no ano
foi de -6,1% e em 12 meses, de -4,1%. É o quinto mês negativo consecutivo e a
menor variação na comparação entre abril e igual período do ano anterior desde
2009, quando caiu 0,8%, segundo Juliana Vasconcellos.
De acordo
com o IBGE, isso ocorre em função do desempenho negativo de veículos, motos,
partes e peças, cujo resultado em abril foi de -19,5% na comparação com mesmo
mês de 2014 (pior abril desde início da série, em 2005), de -16% no acumulando
no ano e de -12,6% em 12 meses.
A redução
das vendas no segmento foi decorrente, entre outros fatores, da gradual
retirada dos incentivos via redução do IPI, do menor ritmo na oferta de crédito
e da restrição orçamentária das famílias.
“O setor de
veículos foi durante muito tempo um setor que o governo investiu para que o
comércio ampliasse. Agora, com a distribuição do crédito e a expectativa das
famílias e a incerteza do futuro e a restrição orçamentária, o consumo diminuiu
bastante”, explica Juliana.
Material de
construção também teve queda no volume de vendas, de -5% na comparação com
abril de 2014, de -4,5% no ano e de -2,6% em 12 meses.
Regiões
Das 27
unidades da Federação, 22 tiveram queda no volume de vendas na comparação com
abril de 2014, com destaque para Goiás (-11,2%); Paraíba (-11,0%); Mato Grosso
(-10,5%) e Amapá (-9,2%).
Quanto às
maiores participações negativas na composição da taxa do varejo, as variações
foram de -3,4% em São Paulo, -3,9% no Rio de Janeiro e -2,8% em Minas Gerais.
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