terça-feira, 9 de junho de 2015

Oswaldo de Oliveira revela mágoa com demissão: "Foi tudo por terra"


Técnico diz que saída do Palmeiras está "doendo" e cita problemas físicos. Ao defender seu trabalho, ele pede fim de onda de demissões no futebol brasileiro
Logo após a coletiva do presidente Paulo Nobre, que anunciou a demissão de Oswaldo de Oliveira, o técnico apareceu na sala de imprensa da Academia de Futebol para falar com os jornalistas nesta terça-feira. E deixou evidente sua mágoa com a decisão do clube depois de apenas seis meses de trabalho.
– Sempre defendi que trabalho precisa ter começo, meio e fim. Não houve unanimidade e foi tudo por terra aquilo que estávamos planejando. Infelizmente, estou aqui pela última vez e lamentando muito a interrupção do trabalho – disse Oswaldo, que revelou alguns problemas físicos para explicar como estava "doendo" o momento da despedida.
– Está doendo minha herpes, está doendo minha úlcera, tem o calombo na minha omoplata...
Sem citar nomes, Oswaldo afirmou que "forças hierarquicamente superiores" interromperam sua trajetória no Verdão. Mas, em seguida, defendeu o presidente Paulo Nobre, a quem classificou como "uma pessoa ética, uma grata surpresa como administrador esportivo". O técnico favorito é o ex-cruzeirense Marcelo de Oliveira, atual bicampeão brasileiro, que trabalhou na equipe mineira com Alexandre Mattos, atual diretor-executivo alviverde.
– A gente sabe que existe uma carga emocional no clube, uma pressão que acaba desestabilizando as pessoas que comandam o futebol.
No fim da entrevista, ao defender sua experiência – "são 40 anos de profissão, não são 40 dias" –, Oswaldo, sétimo técnico a cair após seis rodadas do Brasileirão, criticou a atual onda de demissões.
– A mudança urge, está batendo na porta. Está ficando muito regular essa coisa de se colocar uma coroa de espinho no treinador a cada derrota. Definitivamente temos de ter uma postura diferente. Quando você arrisca em uma pessoa inexperiente, tudo bem ter dúvidas. Mas alguns treinadores precisam ser mais respeitados nesse aspecto – afirmou o treinador, que ainda revelou que esteve no Rio na segunda-feira para acompanhar o nascimento de sua primeira neta.
– É uma notícia boa depois de uma ruim, né? Uma coisa maravilhosa.
Demissão
– Infelizmente eu estou aqui pela última vez e lamentando muito a interrupção do trabalho. Mais uma vez fica uma lacuna, uma expectativa, uma interrogação porque é um trabalho interrompido. É um trabalho com base, experiência, conhecimento de causa que infelizmente não vai progredir.
Avaliação
– É claro que chama a atenção tanto a atitude da diretoria do Palmeiras em paralelo com os resultados que a equipe alcançou até agora no Brasileiro. Gosto de ver sempre a coisa como um todo, em termos de continuidade, e o que vem sendo apresentado. Sempre disse a vocês que para mim tudo tem de ter início, meio e fim, senão não tem condição de avaliação.
Desempenho
– Muitas coisas nós temos de levar em consideração. De tudo o que aconteceu até chegarmos aqui. O Palmeiras, sob meu comando, conseguiu alguns resultados, mais positivos do que negativos, principalmente se compararmos com a últimas trajetórias do clube.
Sentimento
– Volto a dizer que para mim é muito doloroso. É difícil interromper dessa forma, tanta expectativa e planos que fizemos, desde o início das nossas conversas. Mas forças superiores hierarquicamente impediram a continuidade. Está doendo. Está doendo minha herpes, está doendo minha úlcera, tem o calombo na minha omoplata...
Pressão
– A gente sabe que existe uma carga emocional no clube, uma pressão que acaba desestabilizando as pessoas que comandam o clube. Ocorre que uma pessoa que tem o comportamento como o meu normalmente causa muita simpatia. Eu sei que causo isso em vocês (jornalistas). Mas também causa antipatia pela franqueza e forma como conduzo as coisas.
Trabalho
– Meu trabalho é correto. Independentemente de torcida, diretoria, empresários. Conversei com o presidente, reconheço as alegações dele. Ele já falou aqui e passou para vocês. Espero que perdure a amizade, como ele propôs. É uma pessoa diferenciada no meio do futebol. Por motivos superiores a ele não conseguiu manter aquilo que acho que deveria nortear o futebol, que é manutenção do trabalho.
Currículo
– A minha trajetória, as coisas que eu fiz, prova que, diante das adversidades, consegui dar a volta por cima e realizando trabalhos convincentes e vencedores. Em pouco mais de 15 anos como treinador, consegui conquistas sucessivas, trabalhos reconhecidos. Isso deveria ter sido levado em consideração.
Jogadores
– É chata essa hora. É a porção mais sensível, a parte mais afetiva a relação com os jogadores. Sempre fiz questão de dizer que não tenho amigos dirigentes, empresários, na imprensa, em torcida organizada, mas jogadores são meus amigos. Eles suam para mim e se deixam convencer pelo meu trabalho. Alguns jogaram comigo, outros começaram comigo. Mas eles têm de seguir a vida deles.
Vazamento da notícia
Hoje não fico mais (surpreso). É muito difícil um clube grande conter uma situação dessa. Quando vai demitir, precisa de conjunto. Essas pessoas têm família, o clube precisa elaborar uma coletiva, e não consegue se elaborar isso. A minha esperança ontem era que fosse apenas especulação.
Experiência
– Dificilmente vai ter alguém aqui com mais tempo de futebol que eu. São 40 anos de profissão, não são 40 dias. Deveria ter sido levada em consideração a minha experiência. Não estou aqui guardando emprego. Depois de 40 anos, posso voltar a dar aula, estive aqui por amor ao projeto que me foi proposto.
Sétimo técnico demitido no Brasileirão
– A mudança urge, está batendo na porta. Está ficando muito regular essa coisa de se colocar uma coroa de espinho no treinador a cada derrota. Definitivamente temos de ter uma postura diferente. Quando você arrisca em uma pessoa inexperiente tudo bem ter dúvidas. Mas alguns treinadores precisam ser mais respeitados nesse aspecto.
Cleiton Xavier
– Ele não estava preparado para jogar. Tomara que isso o motive e ele jogue no domingo. É só ver o jogo do Inter para ver o comportamento dele. Dois adversários vêm contra o Lucas, trocam o passe, e o Cleiton não consegue chegar (para ajudar). E ele estava em campo apenas cinco minutos. Não consegue acompanhar e definir a marcação.
Falta de tempo

– Com a experiência que eu tenho e a qualidade dos jogadores do Palmeiras, iríamos conseguir. Eu pedi semana passada, fui lá em cima e conversei sobre isso com o presidente. Gostaria que a gente vencesse essa fase difícil.

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