Técnico diz
que saída do Palmeiras está "doendo" e cita problemas físicos. Ao
defender seu trabalho, ele pede fim de onda de demissões no futebol brasileiro
Logo após a
coletiva do presidente Paulo Nobre, que anunciou a demissão de Oswaldo de
Oliveira, o técnico apareceu na sala de imprensa da Academia de Futebol para
falar com os jornalistas nesta terça-feira. E deixou evidente sua mágoa com a
decisão do clube depois de apenas seis meses de trabalho.
– Sempre
defendi que trabalho precisa ter começo, meio e fim. Não houve unanimidade e
foi tudo por terra aquilo que estávamos planejando. Infelizmente, estou aqui
pela última vez e lamentando muito a interrupção do trabalho – disse Oswaldo,
que revelou alguns problemas físicos para explicar como estava
"doendo" o momento da despedida.
– Está
doendo minha herpes, está doendo minha úlcera, tem o calombo na minha
omoplata...
Sem citar
nomes, Oswaldo afirmou que "forças hierarquicamente superiores"
interromperam sua trajetória no Verdão. Mas, em seguida, defendeu o presidente
Paulo Nobre, a quem classificou como "uma pessoa ética, uma grata surpresa
como administrador esportivo". O técnico favorito é o ex-cruzeirense
Marcelo de Oliveira, atual bicampeão brasileiro, que trabalhou na equipe
mineira com Alexandre Mattos, atual diretor-executivo alviverde.
– A gente
sabe que existe uma carga emocional no clube, uma pressão que acaba
desestabilizando as pessoas que comandam o futebol.
No fim da
entrevista, ao defender sua experiência – "são 40 anos de profissão, não
são 40 dias" –, Oswaldo, sétimo técnico a cair após seis rodadas do
Brasileirão, criticou a atual onda de demissões.
– A mudança
urge, está batendo na porta. Está ficando muito regular essa coisa de se
colocar uma coroa de espinho no treinador a cada derrota. Definitivamente temos
de ter uma postura diferente. Quando você arrisca em uma pessoa inexperiente,
tudo bem ter dúvidas. Mas alguns treinadores precisam ser mais respeitados
nesse aspecto – afirmou o treinador, que ainda revelou que esteve no Rio na
segunda-feira para acompanhar o nascimento de sua primeira neta.
– É uma
notícia boa depois de uma ruim, né? Uma coisa maravilhosa.
Demissão
–
Infelizmente eu estou aqui pela última vez e lamentando muito a interrupção do
trabalho. Mais uma vez fica uma lacuna, uma expectativa, uma interrogação
porque é um trabalho interrompido. É um trabalho com base, experiência,
conhecimento de causa que infelizmente não vai progredir.
Avaliação
– É claro
que chama a atenção tanto a atitude da diretoria do Palmeiras em paralelo com
os resultados que a equipe alcançou até agora no Brasileiro. Gosto de ver
sempre a coisa como um todo, em termos de continuidade, e o que vem sendo
apresentado. Sempre disse a vocês que para mim tudo tem de ter início, meio e
fim, senão não tem condição de avaliação.
Desempenho
– Muitas
coisas nós temos de levar em consideração. De tudo o que aconteceu até
chegarmos aqui. O Palmeiras, sob meu comando, conseguiu alguns resultados, mais
positivos do que negativos, principalmente se compararmos com a últimas
trajetórias do clube.
Sentimento
– Volto a
dizer que para mim é muito doloroso. É difícil interromper dessa forma, tanta
expectativa e planos que fizemos, desde o início das nossas conversas. Mas
forças superiores hierarquicamente impediram a continuidade. Está doendo. Está
doendo minha herpes, está doendo minha úlcera, tem o calombo na minha
omoplata...
Pressão
– A gente
sabe que existe uma carga emocional no clube, uma pressão que acaba
desestabilizando as pessoas que comandam o clube. Ocorre que uma pessoa que tem
o comportamento como o meu normalmente causa muita simpatia. Eu sei que causo
isso em vocês (jornalistas). Mas também causa antipatia pela franqueza e forma
como conduzo as coisas.
Trabalho
– Meu
trabalho é correto. Independentemente de torcida, diretoria, empresários.
Conversei com o presidente, reconheço as alegações dele. Ele já falou aqui e
passou para vocês. Espero que perdure a amizade, como ele propôs. É uma pessoa
diferenciada no meio do futebol. Por motivos superiores a ele não conseguiu
manter aquilo que acho que deveria nortear o futebol, que é manutenção do
trabalho.
Currículo
– A minha
trajetória, as coisas que eu fiz, prova que, diante das adversidades, consegui
dar a volta por cima e realizando trabalhos convincentes e vencedores. Em pouco
mais de 15 anos como treinador, consegui conquistas sucessivas, trabalhos
reconhecidos. Isso deveria ter sido levado em consideração.
Jogadores
– É chata
essa hora. É a porção mais sensível, a parte mais afetiva a relação com os
jogadores. Sempre fiz questão de dizer que não tenho amigos dirigentes,
empresários, na imprensa, em torcida organizada, mas jogadores são meus amigos.
Eles suam para mim e se deixam convencer pelo meu trabalho. Alguns jogaram
comigo, outros começaram comigo. Mas eles têm de seguir a vida deles.
Vazamento da
notícia
Hoje não
fico mais (surpreso). É muito difícil um clube grande conter uma situação
dessa. Quando vai demitir, precisa de conjunto. Essas pessoas têm família, o
clube precisa elaborar uma coletiva, e não consegue se elaborar isso. A minha
esperança ontem era que fosse apenas especulação.
Experiência
–
Dificilmente vai ter alguém aqui com mais tempo de futebol que eu. São 40 anos de
profissão, não são 40 dias. Deveria ter sido levada em consideração a minha
experiência. Não estou aqui guardando emprego. Depois de 40 anos, posso voltar
a dar aula, estive aqui por amor ao projeto que me foi proposto.
Sétimo
técnico demitido no Brasileirão
– A mudança
urge, está batendo na porta. Está ficando muito regular essa coisa de se
colocar uma coroa de espinho no treinador a cada derrota. Definitivamente temos
de ter uma postura diferente. Quando você arrisca em uma pessoa inexperiente
tudo bem ter dúvidas. Mas alguns treinadores precisam ser mais respeitados
nesse aspecto.
Cleiton
Xavier
– Ele não
estava preparado para jogar. Tomara que isso o motive e ele jogue no domingo. É
só ver o jogo do Inter para ver o comportamento dele. Dois adversários vêm
contra o Lucas, trocam o passe, e o Cleiton não consegue chegar (para ajudar).
E ele estava em campo apenas cinco minutos. Não consegue acompanhar e definir a
marcação.
Falta de
tempo
– Com a
experiência que eu tenho e a qualidade dos jogadores do Palmeiras, iríamos
conseguir. Eu pedi semana passada, fui lá em cima e conversei sobre isso com o
presidente. Gostaria que a gente vencesse essa fase difícil.
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