Brasileiro
irá comandar órgão da ONU contra fome até julho de 2019.
Ex-ministro
de Lula ajudou a fundar programa Fome Zero em 2003.
O brasileiro
José Graziano da Silva foi reeleito neste sábado (6) como diretor-geral da
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em
inglês). Único candidato ao cargo, ele foi reconduzido com o voto de 177 dos
182 países presentes na 39ª conferência da entidade, em Roma.
Eleito pela
primeira vez em junho de 2011, Graziano ficará no cargo por mais quatro anos,
até julho de 2019. Na próxima segunda-feira (8), ele deve apresentar um
relatório dos últimos dois anos à frente do órgão.
Agrônomo,
professor e escritor, José Graziano foi ministro extraordinário de Segurança
Alimentar e Combate à Fome enquanto a pasta existiu, entre 2003 e 2004, no
primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente. Ele coordenou a
elaboração do programa Fome Zero, dando também início à sua implementação.
Após a votação,
Graziano fez um breve discurso de agradecimento pela reeleição. “Posso dizer
que eu tentarei fazer o melhor nos próximos quatro anos, melhor do que já fiz.
Há sempre oportunidades de melhorar. Conto com o apoio de vocês para isso.
Obrigado”, disse aos representantes dos países membros.
O comunicado
oficial sobre a reeleição diz que, em sua gestão, Graziano tornou a FAO mais
sensível às necessidades dos países membros e elegeu como objetivo erradicar
totalmente a fome e a desnutrição no mundo. Entre suas estratégias, destacou o
aumento da colaboração com outros órgãos e maior apoio para a cooperação entre
países do hemisfério sul.
Lula
Pela manhã,
antes da eleição, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a conferência
narrando a experiência do Brasil no combate à fome. Depois, disse que a fome no
mundo não é consequência de condições ambientais, mas da “desigualdade”. Disse
que é papel do Estado enfrentar o problema.
“As
organizações não governamentais cumprem, sem dúvida, um papel muito importante
nas ações contra a fome e a pobreza no mundo. Mas quero frisar que esse combate
exige fontes permanentes de financiamento; deve ser uma política de Estado”,
afirmou.
Ele disse
que miseráveis de um país “dificilmente” se organizam em partidos, têm
sindicatos, “lobbies” no Legislativo. “Não organizam marchas de protesto, não
têm acesso à mídia, seja a tradicional sejam as redes sociais”.
“É do Estado
a obrigação de olhar permanentemente para eles, colocando recursos para os
pobres nos orçamentos nacionais, regionais e locais. Recursos perenes, que não
fiquem subordinados a mudanças de governo”, completou em seguida.
Governo
A presidente
Dilma Rousseff afirmou, por meio de nota, que recebeu com enorme satisfação a
decisão dos países membros da FAO de reconduzir Graziano ao cargo de
diretor-geral. Ela cumprimentou Graziano, que chamou de amigo, e reafirmou o
apoio do governo brasileiro às iniciativas da organização.
"A eleição
de Graziano comprova suas sólidas credenciais e importante contribuição para as
políticas de combate à pobreza, em especial o Programa Bolsa Família, que faz
do Brasil referência internacional", informa a nota.
O Itamaraty
divulgou neste sábado uma nota em que agradece aos membros da FAO "pela
amplitude do apoio ao candidato brasileiro". O texto diz que os 177 votos
recebidos por Graziano representam a maior votação da história da FAO.
"O
governo brasileiro seguirá defendendo o objetivo de aprofundar o processo de
reforma e fortalecimento da Organização, de forma a tornar ainda mais relevante
sua contribuição à erradicação da fome e ao desenvolvimento econômico e social
mundial", informou o órgão.
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