Banco deve
reduzir número de funcionários em 50 mil no mundo.
Decisão é
parte de reestruturação para investir na Ásia.
O banco
britânico HSBC anunciou nesta terça-feira (9) que vai vender unidades e encerrar
quase todas as suas atividades no Brasil e na Turquia até 31 de dezembro de
2016. Uma "participação modesta" será mantida no Brasil para atender
grandes clientes corporativos.
As mudanças
são parte de um plano de reestruturação para economizar entre US$ 4,5 bilhões e
US$ 5 bilhões até 2017. O objetivo do banco é concentrar a atuação na Ásia,
principalmente na China e na Índia.
A
instituição financeira ainda deve reduzir seu quadro de funcionários no mundo
em cerca de 50 mil. Desses, entre 22 e 25 mil serão cortados em todo o mundo.
A redução
dos outros 25 mil deverá vir da venda das operações no Brasil e na Turquia.
Esses funcionários deixarão os quadros do HSBC, mas não serão necessariamente
demitidos, já que passarão a fazer parte dos quadros das instituições
compradoras. Só no Brasil, o banco britânico tem mais de 21 mil funcionários.
Objetivos da
empresa
O HSBC
Holdings confirmou, em nota enviada por e-mail, que pretende vender a sua
operação no Brasil, mas planeja manter presença no país para atender aos
clientes corporativos de grande porte em suas necessidades internacionais.
“O HSBC
Brasil está em um processo de venda e não de encerramento de suas operações no
País. O banco segue operando normalmente e, mesmo após a venda, seguirá
prestando serviços aos seus clientes. O HSBC está empenhado em garantir a
continuidade do negócio e uma transição suave e coordenada para um potencial
comprador”, informou na nota.
“Reconhecemos
que o mundo mudou e precisamos mudar com ele”, disse o CEO Stuart Gulliver.
O banco
informou que o objetivo das mudanças é acelerar seus investimentos na Ásia,
"capturando as esperadas oportunidades da riqueza emergente na
região".
"O
mundo está cada vez mais conectado, e a Ásia deverá mostrar alto crescimento e
se tornar o centro do comércio global ao longo da próxima década. Estou
confiante que nossas ações nos permitirão capturar as oportunidades futuras de
crescimento e entregar mais valor aos acionistas", afirmou Gulliver.
O HSBC
estuda ainda a possibilidade de transferir sua sede de Londres para a Ásia – o
que deve acontecer até o final deste ano – e busca melhorar suas operações no
México e nos Estados Unidos.
Entre 2011 e
2014, o banco já havia cortado 40 mil postos de trabalho, para reduzir os
custos e para concentrar o grupo nas atividades consideradas estratégicas.
Unidades no
Brasil
Em maio, o
principal executivo do banco espanhol Santander no Brasil, Jesús Zabala,
declarou que estudaria a possibilidade de adquirir a atividade brasileira do
HSBC.
No Brasil, o
HSBC tem 853 agências em 531 municípios, 452 postos de atendimento bancários,
669 postos de atendimento eletrônico e 1.809 ambientes de autoatendimento, com
4.728 caixas automáticos.
O HSBC Bank
Brasil faz parte do Grupo HSBC, corporação internacional sediada em Londres e
presente em 73 países e territórios.
Escândalo
O HSBC
esteve no centro do escândalo de fraude fiscal conhecido como
"SwissLeaks" – uma investigação sobre lavagem de dinheiro e sonegação
de impostos na Suíça.
Na semana
passada, o banco concordou em pagar 40 milhões de francos suíços (cerca de US$
43 milhões) em acordo com o Ministério Público da Suíça para encerrar as
investigações.
Os dados do
SwissLeaks foram vazados por um funcionário do banco e são analisados por um
grupo de jornalistas do mundo inteiro, chamado de Consórcio Internacional de
Jornalistas Investigativos (ICIJ). Desde fevereiro, o consórcio começou a
divulgar as informações segundo as quais o HSBC teria ajudado clientes a
esconder bilhões de dólares no país europeu entre 2006 e 2007.
De acordo
com o jornal francês "Le Monde", que iniciou a investigação sobre o
caso, cerca de 180,6 milhões de euros pertencentes a mais de 100 mil clientes e
20 mil pessoas jurídicas transitaram entre novembro de 2006 e março de 2007 por
contas bancárias na Suíça, escondidos atrás de sociedades offshore.
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